Eu me apaixono por quem mostra as suas vulnerabilidades. E até então eu me questionava se isso era problemático ou a sÃndrome da salvadora, mas foi quando eu entendi que não, que eu apenas não gosto de nada que é raso, que a minha intensidade ama mergulhar no mundo do outro e permitir que o outro mergulhe no meu também. As pessoas já são tão rasas lá fora, porque que eu iria querer ter algo raso dentro de casa? Se lá fora eu já tenho que fingir que está tudo bem, porque que eu teria que ser tão forte pra quem está perto? Te ensinam que demonstrar dor é sinal de fraqueza, de que chorar é sinal de que você precisa dar conta sozinha, mas ninguém te fala que chorar no colo de quem está disposto a cuidar, te faz muito mais forte do que sofrer sozinha. E foi me permitindo ser transparente com as minhas vulnerabilidades, que eu vi que a vida faz muito mais sentido. Sem medo de sentir, sem medo de ser, sem medo de ser fraca e sem medo de ser forte, sem medo de amar e sem medo de ser amada também. Porque tudo isso faz parte de mim, e eu não tenho que me esconder só porque me ensinaram que é assim. Esses ensinamentos mundanos eu preferi esquecer. Às vezes eu fico pensando que que a maior dor da sociedade é não aceitar ser amada. Ninguém nunca parou pra pensar nas consequências que isso traz na vida de uma pessoa. Talvez remédios, de noites mal dormidas, de solidão nunca transformada em solitude, do medo que castra enquanto o coração grita por socorro. Mas ao mesmo tempo, você não quer que ninguém ouça. A que custo? Se permitir sentir, sentir por você, sentir pelo outro e mergulhar, liberta. E liberta porque só o amor cura, só o amor por nós e o amor pelo outro. Que necessidade triste e escassa que a gente tem de ver o tempo passando, pessoas indo embora e a gente aqui. Com medo de amar, com medo de viver, com medo de sentir, com medo até de se curar. Então, a vida acaba, lembra? E daqui a gente só leva os afetos.
— .(Escrito dia 27/08/2025, às 18:10).