Você nunca encontra a mesma pessoa duas vezes nela mesma. As pessoas mudam, mesmo quando dizem que continuam as mesmas, mudam depois de uma decepção, de uma ausência mal explicada, de um amor que machucou mais do que curou. Às vezes elas ainda atendem pelo mesmo nome, mas já não sentem igual, não acreditam igual, não confiam igual. Você pode reencontrar alguém e até pensar: Ela está igualzinha! Mas não está, ninguém está, talvez agora ela pense duas vezes antes de se entregar, talvez sorria por fora e se proteja por dentro, talvez tenha aprendido a se calar onde antes gritava amor. A vida ensina, à s vezes na dor, à s vezes na marra, e essa pessoa que você conheceu um dia já virou passado até pra ela mesma, e é por isso que tentar reviver o que foi não funciona, porque o que foi já não é, e o que ficou nunca volta igual, nem ela volta, nem você também. Porque o tempo não perdoa ninguém, e ele muda tudo que toca, inclusive a gente. Hoje eu percebo que a vida não manda recado quando decide mudar as coisas. Um dia você acorda e a xÃcara que sempre usa quebra, a rua por onde você passa todos os dias está em obras, a pessoa que sempre mandava mensagem se cala de repente, e é assim que tudo muda, sem aviso, sem preparação. No começo parece perda, você sente falta do que estava acostumado, procura aquele jeito antigo das coisas, mas aos poucos parece que aprende a se ajustar, troca a xÃcara, encontra outro caminho, se acostuma com o silêncio. A vida tem esse jeito meio bruto de ensinar, não explica, só coloca a lição na nossa frente, e é aà que a gente entende uma das coisas mais difÃceis, nada é definitivo. Aquilo que parecia permanente, de repente se desfaz, por isso os pequenos instantes, aqueles que quase sempre passam despercebidos ganham tanto valor. Um café sem pressa, uma risada boba no meio do dia, uma conversa que não tem nada de grandioso, mas aquece o coração. Esses detalhes seguram a gente quando o resto parece fugir das mãos, no fim talvez a vida só esteja tentando nos lembrar, de que as mudanças são inevitáveis, mas os momentos simples, esses são eternos dentro da gente. Às vezes a vida pede que a gente vá, que a gente se lance, se arrisque, se perca um pouco, e no meio disso tudo se descubra. Ir dói, dói deixar pra trás o que é seguro, o que nos protege, o que nos lembra quem somos, mas mesmo na dor, existe uma liberdade incrÃvel em se permitir viver. E sabe de uma coisa? Por mais longe que a gente vá, existe sempre um lugar que nos espera, um lugar que nos recebe sem perguntas, sem exigências. Um lugar que entende nossos silêncios e celebra nossas pequenas vitórias. Esse lugar, se chama lar. E lar não é só paredes, é aconchego, pode ser um abraço, um cheiro, uma memória, qualquer coisa que faça a alma respirar tranquila. Então vá, vá conhecer, vá sentir, vá se perder, mas nunca se esqueça, você sempre pode voltar, voltar pra quem te ama, pra quem te entende, pra quem guarda um pedaço do seu coração com cuidado, e quando voltar, vai encontrar não só abrigo, mas paz e o amor que sempre existiu esperando por você. Você já se pegou pensando: Porque isso que antes me fazia tão bem, hoje já não me diz mais nada? Às vezes, a gente acha que tem algo errado com a gente, quando, na verdade, a gente simplesmente mudou. Aquela série que a gente adorava assistir, aquela amizade de anos, a carreira profissional, aquele lugar que a gente gostava de frequentar, de repente tudo soa diferente. A gente não ri mais das mesmas piadas, a gente não engaja mais nos mesmos assuntos, certas coisas, simplesmente não combinam mais com a gente, e dá uma culpa, à s vezes, né? Como se fosse traição abandonar aquilo tudo, como se mudar de ideia, fosse um defeito e não um sinal da vida em movimento. Mas a verdade é que crescer também é desapegar do que um dia fez sentido, e hoje já não faz. E está tudo bem não ser mais quem você era, está tudo bem se o que fazia teu olho brilhar antes, hoje só te deixa indiferente. Está tudo bem se o que antes era um lugar seguro pra você, hoje já não te faz se sentir acolhida. A gente se transforma, e com a gente mudam os afetos, os quereres, os caminhos, não é estranhamento, é amadurecimento. Não é que tudo aquilo perdeu o valor, é só o que não te faz bem como já fez um dia, não se cobre por não caber mais no molde antigo, não tente forçar conexões que já não fazem mais sentido, você não está perdendo nada, está só se encontrando. Às vezes, crescer dói um pouco, mas ficar onde a gente já não se reconhece dói muito mais.
— .(Escrito dia 08/09/2025, às 10:21).