Tento ver a realidade... Tudo se apaga...
Como se numa folha em branco
se dispusesse todo o meu disforme esfor�o,
esfor�o em vencer mais uma vez,
em ultrapassar as for�as interfaciais
entre mim e a essa barreira irreal,
obl�qua na transmiss�o desses devaneios ilus�rios.
� qualquer coisa como ver tudo a desmoronar
sem tocar nos fr�geis pontos que ainda me sustentam nessa ilus�o.
Como se nada se desequilibrasse
quando eu pr�pria j� perdi o controle sobre mim h� muito,
muito tempo. Como se essa palavra, controlo,
nunca tivesse feito parte de mim,
como se a ansiedade em que vivo continuamente
se repercutisse num vazio insano
e preenchido fosse por sentimentos cessados,
parados, em caudal suspenso.
E nesse vai e vem de sentimentos,
sonhos, desejos e vontades seguidas
minuciosamente vinculadas no meu sistema nervoso,
repousam vorazmente pequenas parcelas de supl�cios malditos.
Esses que tamb�m assentam no mar de necessidades dispens�veis,
mas inquebr�veis, gritantes, mas extenuantes,
essencialmente esquecidas e reconquistadas.
Como podemos reconquistar algo que nunca tivemos?