As fronteiras de uma pessoa v�o de espelho em espelho pela vida afora, e dependendo de como se colocam esses espelhos, n�o sobra lugar para descobrir outro rumo, e os reflexos ficam se engolindo continuamente e se reproduzindo para dentro de si mesmos feito ovas de peixe produzindo milhares de peixinhos, coisas iguais �s que vieram antes. � assustador como esse caleidosc�pio se fecha sem chance para outras imagens que n�o as mesmas de sempre.
Mas enquanto uns espelhos se engolem numa infinitude de limita��es, outros se abrem com fome de descobertas e outras fomes menos metaf�sicas. E se n�o acontecer nada de novo, � porque n�o se conseguiu virar o espelho para outro �ngulo que n�o fosse o j� conhecido. Tudo fica muito mon�tono ent�o.
O presidente mudou, mas a economia continua a mesma. A sala est� arrumada de outro jeito, mas os m�veis ainda s�o aqueles. De novo tem futebol no fim de semana e uma difusa preocupa��o com o est�mago vazio de quem n�o tem comida mas insiste em continuar vivendo. At� quando? A gente bem que podia mudar um pouquinho a posi��o do espelho.