
Nunca me esque�o daqueles que se cruzam comigo. Uns deixam um sorriso no meu rosto e, sempre que os recordo, um sentimento aquece o meu cora��o e reconforta a minha alma. Sinto saudades. Lembro-me que me trataram bem.Outros, pelo contr�rio, entristecem o meu ser s� de saber que um dia se cruzaram comigo. Deixam um aperto no peito e um l�grima nos olhos ao recordar um ou outro epis�dio de sofrimento. No entanto, aprendi que nada acontece por acaso. Que se essas pessoas se cruzaram comigo, alguma coisa eu tinha para aprender e para viver. A diferen�a entre o grupo em que as coloco reside no facto de como me trataram, e do que fizeram da minha amizade ou do meu amor colocados nas suas m�os.

Tu lembras daqueles grandes espelhos c�ncavos ou convexos que, em certos estabelecimentos, os propriet�rios colocavam � entrada para atrair os fregueses, achatando-os, alongando-os, deformando-os nas mais estranhas configura��es?N�s, as crian�as de ent�o, ach�vamos uma bruta gra�a, por saber que era tudo ilus�o, embora talvez nem conhec�ssemos o sentido da palavra �ilus�o�.N�o, n�s bem sab�amos que n�o �ramos aquilo!Depois, ao crescer, descobrimos que, para os outros, n�o �ramos precisamente isto que somos, mas aquilo que os outros v�em.Cuidado, incauto leitor! H� casos, na vida, em que alguns acabam adaptando-se a essas imagens enganosas, despersonalizando-se num segundo 'eu'.Que pode uma alma, ainda por cima invis�vel, contra o testemunho de milhares de espelhos?Eis aqui um grave assunto para um conto, uma novela, um romance, ou uma tese de mestrado em Psicologia.