Penso que podemos estar brincando demais com nossas vidas. Fazemos pouco caso das dores ditas superadas, das noites em que o sono n�o veio, dos dias em que um novo dia n�o se iniciou.
Depois de minimizar quase tudo que emana do que somos, nos atiramos numa falsa busca por uma certa salva��o. Inventa-se novas formas de falar, ver e desejar. Inventa-se alegrias, interesses, paix�es. Mas o bot�o desliga e o entorpecimento se exting�i. Outras caricaturas de doa��o precisam ser acionadas. Outras que possam fazer o caminho mais suport�vel. Pelo menos, � nisso que se acredita
Diz-se tamb�m querer amar, n�o apenas sexe. Mas a gaiola que nos aprisionou, come�o a crer que nunca foi cria��o alheia. Jogamos - ainda tende-se a jogar - nossas chaves fora, nos entrela�amos nas grades, resistimos at� a �ltima oportunidade em nos multiplicarmos no contato. S� pode ser verdade de que o inferno s�o os outros. Afinal, foram eles que n�o se sentiram casal.
Perguntar se algu�m est� pronto para flertar com o mundo la fora � querer esquecer da banaliza��o de nossas queixas e solid�o. E fazemos o n�o - ainda - nos cair muito bem.