Por vezes, sento-me em sil�ncio na minha casa e apenas me chegam os ru�dos distantes e indistintos do mundo l� fora que me confortam.
Gosto destes momentos raros em que deixo os meus pensamentos fluir em completa liberdade e a minha imagina��o ultrapassa a minha mem�ria.
Normalmente, vejo surgir os rostos risonhos e luminosos daqueles que fizeram parte da minha vida e come�o a separar as coisas boas das menos boas e retenho as primeiras intencionalmente. � assim que quase sempre engano a mem�ria.
Ent�o, sorrio, e vejo desfilar perante mim, os v�rios cap�tulos, agrupados consoante as situa��es, chegando quase sempre � conclus�o gratificante de que tudo valeu a pena e que todas as pessoas passaram por mim com um prop�sito e um des�gnio e que o que elas deixaram � na maioria dos casos, algo que nunca esquecerei e que me fez crescer interiormente.
N�o sei dizer se s�o os deuses que comandam este ciclo de constante renascimento, e que eu, nas suas m�os, sou apenas um simples boneco de carne e osso, preso por fios invis�veis e fin�ssimos que me fazem andar ao sabor dos seus caprichos.
Sei, com toda a certeza, que o que sou intrinsecamente, n�o sofrer� altera��es profundas.
Sei que o amor sempre me sorrir�...ou talvez n�o...
Sei que a amizade � minha companheira eterna.
Sei olhar e ver...
Sei distinguir...
Sei ouvir e compreender...
Sei perdoar...
Podem brincar comigo, os deuses.
H� certezas que s�o inabal�veis, por isso, pisco-lhes o olho provocatoriamente, e entro nas brincadeiras, com a certeza de que, mesmo caindo na rede que eles tecem, volto a sair renascida.
N�o temam os deuses. Brinquem com eles...