Ainda est� escuro como breu. No c�u n�o h� estrelas e nem a Lua.
A neblina sinistra esconde tudo que n�o est� perto. Caminho devagar para n�o trope�ar demais.
O frio do inverno me corta a pele e at� faz pensar em desistir. Deveria ter me preparado melhor.
Mas o dia vai clarear em breve. Acredito que a neblina anuncia o Sol que est� prestes a nascer. E com o Sol, n�o me importa o inverno.
Espero que come�ar o dia cedo fa�a o Sol nascer mais cedo.
Insignific�ncia
�Reduza-se � sua insignific�ncia.� Essa era a frase que repetia para mim
seguidas vezes h� algum tempo. Lembrei dela faz uns tr�s dias, quando
percebi o
quanto tudo que sei � pouco, raso, superficial, aparente e s�.
Notei que o vis�vel n�o revela conte�do. O que me leva a ter certeza de que sim,
as apar�ncias enganam (mas n�o por muito tempo). E quem se olha sabe se � vazio
ou n�o. Ao me observar, me sinto como Macab�a,
oca. Perdida em id�ias de futuro, apenas vislumbrando louros sem nada fazer para
conquist�-los.
� duro se ver vazio, saber que na verdade tudo � desconhecido e chegar �
consci�ncia de que n�o se � o que demonstra ser. Melhor me encolher e quem sabe
um dia chegue minha hora da estrela.
Um momento de vazio. A imagem de uma grande sala abobadada, branca e vazia: � s� o que me vem � mente. E de repente, surge Meu Pensamento correndo ofegante por esta sala. Meu Pensamento para no meio da sala, gira em torno de seus calcanhares e observa a enorme sala branca que o cerca. Percebe todo aquele vazio e se pergunta, por onde andar�o as Id�ias Novas?
Meu Pensamento n�o tem no��o de onde foram parar as Id�ias Novas. Ent�o, ele caminha lentamente para perto das paredes brancas. Ao encostar-se �s paredes brancas, Meu Pensamento percebe que elas t�m algumas portas, sem ma�anetas ou placas e, por isto, quase passam despercebidas. Resoluto, Meu Pensamento decide abrir uma daquelas portas semi-ocultas e encontrar Id�ias Novas.
Ao abrir a primeira porta, Meu Pensamento depara-se com uma outra sala. Era t�o grande quanto a sala branca, mas era muito mais colorida, cheia, familiar. Meu Pensamento, ent�o compreendeu: tinha entrado na sala de Lembran�as Boas!
Agora isso era claro para Meu Pensamento: de um lado estava Inf�ncia, com seus picol�s mini-saia, primas, brincadeiras, amiguinhos, festas de anivers�rios, algod�o-doce, colo de pai, carinho de m�e. Em um outro canto estava Adolesc�ncia, com a escola, gr�mio, brigadeiro, esportes, baladinhas, paix�es plat�nicas, suspiros, melhor amiga.
Meu Pensamento estava olhando feliz o Passado Recente, com as �timas lembran�as do �ltimo fim de semana, cheio de amor e satisfa��o. Lembran�as Boas tranq�ilizou Meu Pensamento e vendo que ele estava cansado, convidou-o a descansar. Meu Pensamento tentou resistir, dizendo que precisava achar Id�ias Novas. Mas Lembran�as Boas era t�o agrad�vel, t�o calma, que ele acabou ficando.
Ent�o Meu Pensamento caiu em um sono gostoso, sonhando com Lembran�as Boas. Bem l� no fundo, Meu Pensamento sabia que Id�ias Novas surgiria, linda e formosa, quando ele menos esperasse.