Era uma vez um astronauta que, depois de in�meras viagens por outras tantas gal�xias, chegou a um planeta onde encontrou um ser que em muito apresentava semelhan�as com o que na terra se podia ter como animal de estima��o. Podia ser um c�o ou um gato. Era uma criatura diferente, talvez at� estranha, mas amistosa, mostrava-se af�vel e de confian�a. E por tudo o que a criataura lhe inspirava imediatamente se afei�oou a ela. Ficou radiante por tamb�m a criatura mostrar sinais de afecto.
O astronauta ficou muito satisfeito com a situa��o. Tinha estabelecido contacto com um ser alien�gena e isso era um feito not�vel neste e em qualquer mundo habitado, tratou, por isso, de cuidar bem da sua descoberta. E l� foi cuidando sempre o melhor que pode. Pensou que a sua miss�o a partir da� seria cuidar. E a criatura, aparentemente cuidada e cuidadosa, deixou-se cuidar porque pensou que esse cuidado era importante para o astronauta.
Os dias iam passando e os cuidados do astronauta tornavam-se uma rotina mais ou menos bem sucedida. Entretanto a criatura, que n�o era nem um gato nem um c�o, interrogava-se sobre o que faria o astronauta manter tanto afinco em cuidados que, afinal, n�o eram t�o necess�rios assim, e sentia-se incomodado. O astronauta olhava a criatura cada vez mais com estranheza e pensava e repensava como � que tanto empenho e afecto a cuidar poderia incomodar e, confuso, foi entristecendo. A criatura notou e ficou triste, sem saber como curar a tristeza do astronauta.
O astronauta conhecia c�es e gatos e amava todos os animais. Queira o melhor para eles. Por mais que se esfor�asse n�o entendia o desconforto e a indiferen�a da criatura que, entretanto, comunicava numa linguagem estranha e indecifr�vel. O astronauta come�ou a ter medo sem saber de qu�. A criatura reparou e n�o percebeu porqu�. O astronauta inventava maneiras de cuidar. A criatura inventava formas de se deixar cuidar sem esfor�o do astronauta. O astronauta cuidava que cuidava. A criatura queria cuidar sem nunca conseguir.
Ambos se tinham esquecido que eram apenas diferentes. Diferentes no sentir e no cuidar. E isso fazia toda a diferen�a das pe�as por encaixar. O astronauta e a criatura eram diferentes e atropelavam-se diariamente sem perceber os limites da diferen�a