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A Luz do teu olhar




A luz do teu olhar

atravessa obl�qua a estrada o meu pensamento.

Percorre um tempo m�gico

onde existem sementeiras, desejos, risos e devaneios.

Olho os canteiros de amores-perfeitos

erguidos ao sol, � vida e � esperan�a

do olhar de quem por ali passa.

� um tempo de obsidiante mem�ria

que lacra a saudade em ramos espinhosos, intoc�veis.

Mas esta terra por onde passo, por onde me trazes

n�o � minha! N�o me pertence.

Os meus passos n�o ficam assinalados neste ch�o

empoeirado por onde os meus p�s caminham.

Esta terra n�o me quer. Esvazia-me na minha marcha

n�o parada, n�o conhecida, n�o reclamada.

As gentes de olhares destemidos indicam-me a plan�cie

l� ao longe, distante, envolta em brumas,

cardos e pedras. A�, dizem-me, � o meu ch�o.



A luz do teu olhar vale-me na busca do meu destino

e faz-me seguir rumo �quela plan�cie, que anseio

igual a um amor anunciado, sentido e guardado

num canteiro enviesado

em qualquer esquina da vida.

Os olhos indiscretos das gentes,

intrigados pelo meu levar,

acostumam-se a um sentir mudo

calado, vestido de sil�ncios fartos,

ancorados nesta viagem que agora teimo em seguir

descal�a, nua, de olhar turvo e arfar ligeiro.

Respiro o ar frio daquela serra long�nqua

que me atravessa o olhar e me sust�m o riso.

Na minha ess�ncia acalento a esperan�a

de um dia a ter aos meus p�s

de m�os dadas contigo.



E continuo o meu trilho,

meu passo sem rasto.

Do alto sinto o planar altivo de um milhafre

que rompe os c�us abundantes

com a sua impon�ncia celestial.

Um voar livre, solto, audaz.

A sombra desse voo

desenha c�rculos no meu ch�o,

aquecendo as pedras duras que piso

dando-me um pouco de paz,

na sua sublimidade de penas.



O teu olhar de luz

� a minha meta, o meu destino.

� ent�o que no meu infinito cansa�o

lan�o-me aos c�us, esquecida da poeira

que me pesa o caminhar,

num igual voo primeiro

em busca desse calor sentido.

Ningu�m poder� agora aparar estas asas

que neste corpo se soltam da minha carne rasgada,

iguais �s do meu milhafre altivo e corajoso.

Sou agora ave feliz, livre, guiada nas asas de um sonho

pela voz de um desejo, do meu amor sem fim.

Seguindo a luz do teu olhar.

Sei agora o que quero,

o que posso,

o que vou encontrar�




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