A RUA
� Torquato Neto
toda rua tem seu curso
tem seu leito de �gua clara
por onde passa a mem�ria
lembrando hist�rias de um tempo
que n�o acaba
de uma rua de uma rua
eu lembro agora
que o tempo ningu�m mais
ningu�m mais canta
muito embora de cirandas
(oi de cirandas)
e de meninos correndo
atr�s de bandas
atr�s de bandas que passavam
como o rio parna�ba
rio manso
passava no fim da rua
e molhava seu lajedos
onde a noite refletia
o brilho manso
o tempo claro da lua
� s�o jo�o � pacatuba
� rua do barroc�o
� parna�ba passando
separando a minha rua
das outras, do maranh�o
de longe pensando nela
meu cora��o de menino
bate forte como um sino
que anuncia prociss�o
� minha rua meu povo
� gente que mal nasceu
das dores que morreu cedo
luzia que se perdeu
macapreto z� velhinho
esse menino crescido
que tem o peito ferido
anda vivo, n�o morreu
� pacatuba
meu tempo de brincar
j� foi-se embora
� parna�ba
passando pela rua
at� agora
agora por aqui estou
com vontade
e eu vou volto pra matar
essa saudade
� s�o jo�o � pacatuba
� rua do barroc�o.
In: TORQUATO NETO.
Os �ltimos dias de paup�ria: do lado de dentro. Org. Ana Maria S. de Ara�jo Duarte e Waly Salom�o. 2.ed. rev. e aum. S�o Paulo: M. Limonad, 1982
� Fonte: www.itaucultural.org.br
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