A atua��o faz esse filme. Direto, em um filme de m�sica, a trilha sonora tem prioridade, mas aqui a atua��o � o centro do filme. As tr�s performances centrais � Kristen como Jett, Dakota como Currie, e Michael Shannon como o baixo produtor musical Kim Fowley � s�o o eixo do filme todo. Shannon se d� bem o filme inteiro. Ele passa por cima de todos os outros, roubando cenas e dando show de atua��o. Roupas doidas, di�logos extravagantes � Fowley � �O papel� no filme, e Shannon faz isso da melhor forma.
Kristen d� uma atua��o feroz e destemida como Jett. A Jett dela n�o � ing�nua. Quando a passagem de som delas � fechada pela banda principal, Rush, Jett revida urinando nas guitarras deles. Ela usa drogas (em um ponto, ela usa tanta coca�na que seu rosto � coberto por p�), se pega com garotas, e se livra da sua guitarra com uma naturalidade selvagem. Suas melhores cenas s�o com Shannon, enquanto eles, Jett e Fowley se confrontam. Seja escrevendo m�sicas como �Cherry Bomb� no v�o ou engajando em discuss�es com gritaria, Stewart e Shannon s�o contrastes perfeitos que trazem o estouro ao filme.
Assim como Dakota, sua performance � a melhor que eu j� vi em anos. A mudan�a entre uma menininha do vale com carinha de anjo para uma roqueira glamurosa em plataformas altas, Currie � por isso tudo, o papel principal no filme. N�s vemos mais da vida dom�stica da Currie do que da Jtt, j� que Currie deixa sua irm� g�mea, Marie (interpretada por Riley Keough), para lidar com seu pai alcoolatra. N�s tamb�m vemos a m�e da Currie (Tatum O�Neal) abandonando suas filhas para se erguerem sozinhas, enquanto ela se muda para a Indon�sia. Currie logo vai curtir a vida na estrada com The Runaways. Dakota vai para uma vibe de �garotinha perdida� que na maioria das vezes funciona para Currie, especialmente enquanto ela � esmagada por uma combina��o de drogas, exaust�o e explora��o.
Essa tem sido a grande hype do filme � a cena de beijo entre KStew e DFann. Mas no contexto do filme isso vem e vai, outro momento em um relacionamento complicado. Elas se pegam, a sa�da da c�mera sugere que elas passaram a noite juntas, e ent�o Dakota est� parada em uma mesa usando os t�picos espartilhos e meias arrast�o, dizendo, �Eu vou vestir isso,� desafiando Jett � dizer � ela que n�o. A qu�mica delas fa�sca mais quando elas est�o brigando, como quando Jett fala rispidamente, �Venda a m�sica, n�o sua calcinha,� para Currie enquanto Jett joga nela uma revista cheia de fotos insinuantes de Currie. The Runaways funciona melhor quando est� dividindo igualmente o tempo entre as duas.
Assim como o restante do elenco, Keough e O�Neal destacam-se o m�ximo. Scout Taylor-Compton e Stella Maeve n�o tem muito o que fazer como Lita Forge e Sandy West, respectivamente, mas Compton segura a fisicalidade de Forge tocando uma guitarra. Alia Shawkat � totalemnte desperdi�ada como Robon Robins, a baixista gen�rica. (Os produtores n�o puderam assegurar os direitos de vida da primeira baixista de The Runaways, Jackie Fox, ent�o eles criaram uma composi��o chamada Robin.) Shawkat n�o teve falas e foi pouco mais do que um cen�rio de fundo. Ford e West tamb�m foram sub-representadas, ainda que Comptom tenha p�go uma boa cena perto do final, tendo uma explos�o com Jett no est�dio de grava��o.
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Ainda que esse seja seu primeiro filme, a roteirista e diretora Floria Sigismondi teve uma longa carreira como diretona de clips musicais, dirigindo clips de Marilyn Manson, The White Stripes e The Cure. Ela traz um estilo visual altamente desenvolvido � The Runaways, que � especialmente dirigido � um look dos anos 70. H� uma qualidade granulada no filme e a sua marca registrada, de cortes com entrada e sa�da de zoom, repercurtindo o tipo de filmagem que era considerada t�o crua e recordada nos anos 70. A sequ�ncia do show � especialmente forte, parecendo como se tivesse realmente vindo dos shows de verdade de The Runaways, a 30 anos atr�s. A produ��o art�stica e o design s�o incr�veis. Los Angeles de 1970 � representada em toda sua gl�ria suja e punk, sem nem mesmo ir para o lado do cafona ou da nostalgia inocente.
Onde Sigismondi comete alguns deslizes com o r�tmo do filme e problemas de edi��o. Algumas cenas duram um pouco demias, outras s�o redundantes. Por exemplo, enquanto em turn� no Jap�o h� uma cena da Currie parada, exausta, em um chuveiro. Ela corta imediatamente para Currie parada, exausta, em um elevador. A cena do chuveiro n�o realiza nada, principalmente porque o climax da cena do elevador � Currie sofrendo um colapso quando as portas se abrem. Tamb�m, a c�mera parece demorar muito no rosto da Dakota. Sua performance � de alguma forma dificultada por isso, dando a isso uma lacuna que eu n�o acho que esteja realmente l�. � s� um pouco de tempo demais encarando o espa�o. Isso � um problema durante o filme que poderia ser facilmente consertado com alguns reajustes m�nimos. As coisas desaceleraram e ficaram chatas no meio enquanto a hist�ria focava em Currie, mas ent�o volta ao normal no final quando Sigismondi volta cortando entre Currie e Jett lidando com a separa��o da banda.
A trilha sonora � incr�vel. Sigismondi confirmiu que as faixas que as atrizes gravaram para o filme v�o ser inclu�das, assim como as grava��es originais de The Runaways. A �nica m�sica que n�s vemos tocada inteira no filme � �Cherrie Bomb,� mas tamb�m � clips de �Queens of Noise,� �Dead End Justice�, e Kristen cantando �Playing with Fire.� Ainda que ela n�o cante a faixa, Kristen causa arrepios quando ela pega a guitarra e come�a a improvisar em �I Love Rock�n Roll.� H� sinais das influ�ncias de Runaways, Suzi Quatro e David Bowie, um pouco de Sex Pistols, mas The Ramones est�o estranhamente ausentes.
No geral � uma s�lida, se previs�vel, biografia do rock que se beneficiou com tr�s performances fant�sticas. Kristen e Michael Shannon s�o os destaques, e com um pouco de limpeza na sala de edi��o, a performance de Dakota perderia essa monotonia talvez acidental. � um pouco decepcionante na sua falha em manter a energia selvagem dos primeiros trinta minutos (por favor corte Currie constantemente encarando o espa�o!), mas The Runaways � uma carta de amor divertida, ao punk dos anos 70 e � uma banda que quebrou a barreira dos g�neros para futuras gera��es.
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