As Minhas M�os
As minhas m�os magritas, afiladas,
T�o brancas como a �gua da nascente,
Lembram p�lidas rosas entornadas
Dum rega�o de Infanta do Oriente.
M�os de ninfa, de fada, de vidente,
Pobrezinhas em sedas enroladas,
Virgens mortas em luz amortalhadas
Pelas pr�prias m�os de oiro do sol-poente.
Magras e brancas... Foram assim feitas...
M�os de enjeitada porque tu me enjeitas...
T�o doces que elas s�o! T�o a meu gosto!
Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
� minhas m�os, aonde est� o c�u?
...Aonde est�o as linhas do teu rosto?
- Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"