Tenho Saudades da Car�cia dos Teus Bra�os
Tenho saudades da car�cia dos teus bra�os, dos teus bra�os fortes, dos teus bra�os carinhosos que me apertam e que me embalam nas horas alegres, nas horas tristes. Tenho saudades dos teus beijos, dos nossos grandes beijos que me entontecem e me d�o vontade de chorar. Tenho saudades das tuas m�os (...) Tenho saudades da seda amarela t�o leve, t�o suave, como se o sol andasse sobre o teu cabelo, a polvilh�-lo de oiro. Minha linda seda loira, como eu tenho vontade de te desfiar entre os meus dedos! Tu tens-me feito feliz, como eu nunca tivera esperan�as de o ser. Se um dia algu�m se julgar com direitos a perguntar-te o que fizeste de mim e da minha vida, tu dize-lhe, meu amor, que fizeste de mim uma mulher e da minha vida um sonho bom; podes dizer seja a quem for, a meu pai como a meu irm�o, que eu nunca tive ningu�m que olhasse para mim como tu olhas, que desde crian�a me abandonaram moralmente que fui sempre a isolada que no meio de toda a gente � mais isolada ainda. Podes dizer-lhe que eu tenho o direito de fazer da minha vida o que eu quiser, que at� poderia fazer dela o farrapo com que se varrem as ruas, mas que tu fizeste dela alguma coisa de bom, de nobre e de �til, como nunca ningu�m tinha pensado fazer. Sinto-me nos teus bra�os defendida contra toda a gente e j� n�o tenho medo que toda a lama deste mundo me toque sequer.
Florbela Espanca