"– Só sei que nós nos amamos muito…
– Por que você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?
– Não, eu falei no passado.
– Curioso né? É a mesma conjugação.
– Que língua doida. Quer dizer que nós estamos condenados a amar para sempre?
(…)
– E não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações…
– Pensar assim me assusta.
– Por que? Você acha isso ruim?
– É que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais…
– Você usou o verbo “doer” ou “doar”?
(Pausa)
– Pois é, também dá no mesmo…"
Caio Fernando Abreu.
Por Célia Bastos (imagem em busca de palavras)