« Anterior 17/01/2025 - 05:52 Próxima »
Entre o que digo e o que sinto 

Em português, dizemos: “Eu não sei o que fazer com a saudade.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“Vago pelos espaços vazios onde a tua ausência repousa,  
e deixo que o silêncio se transforme em grito dentro de mim.”  

Em português, dizemos: “Quero esquecer.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“Enterrei as tuas promessas no fundo da minha alma,  
mas a terra nunca soube tapar o eco das palavras que nunca se disseram.”  

Em português, dizemos: “Sinto-me partido.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“As fraturas do meu ser não se fecham,  
e cada pedaço quebrado carrega a marca da tua ausência.”  

Em português, dizemos: “Eu só queria que tudo fosse mais simples.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“Dei corda a relógios que não sabem contar o tempo,  
e esperei que as horas se acomodassem ao ritmo do nosso amor que já se desfaz.”  

Em português, dizemos: “Espero que a vida te sorria.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“Que o vento que toca o teu rosto seja suave,  
como o último suspiro que trocamos, nas sombras do lugar onde já não somos.”  

Em português, dizemos: “Não sei como perdoar.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“Cravei-te no peito a dor de um amor que se despedaçou,  
e agora, cada batimento é um pedido de paz que nunca chega.”  

Em português, dizemos: “Eu queria voltar atrás.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“Fiquei na fronteira entre o que desapareceu e o que jamais existiu,  
uma sombra no teu horizonte que permanece invisível.”  

Em português, dizemos: “Estou a tentar seguir em frente.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“Cada passo que dou é um espelho quebrado,  
e a minha sombra ainda carrega o peso do que me foi arrancado.”  

Em português, dizemos: “Eu vou superar.”  
Mas na poesia, dizemos:  
“Juntei os pedaços da minha alma como se fossem fragmentos de vidro,  
sabendo que, por mais que tente, há partes de mim que nunca cicatrizam.”  

E assim, entre o português comum e o português poético,  
há uma linha tênue que se estende entre o dito e o não dito.  
O português comum diz o que a boca sabe de cor,  
enquanto o poético diz o que o coração aprendeu a esconder.  

O português comum se limita ao imediato, ao simples,  
mas o poético busca a alma das palavras,  
além daquilo que se vê, do que se toca, do que se sente.  
É na poesia que a saudade ganha peso,  
onde o silêncio se torna mais barulho que a palavra,  
onde o amor não cabe no corpo,  
e as feridas falam mais alto que os sorrisos.  

O português comum é prisioneiro do tempo,  
mas o poético vive entre os espaços,  
onde o passado e o futuro se tornam fragmentos  
e o presente se dissolve em metáforas.  
Porque, na poesia, a verdade nunca é só uma,  
é sempre o reflexo de todas as possíveis versões de nós mesmos.  

E é nessa diferença que encontramos a beleza:  
o português fala para ser entendido,  
o poético, para ser sentido.


Comentários
Apenas o dono deste FlogVip pode visualizar os comentários desta foto!

Nome:


Mensagem:


    Saiba como inserir os seus Emoticons
/lualuana
Sobre lualuana
Angra dos Reis - RJ

Presentear FlogVIP
Denunciar

Últimas fotos

17/01/2025


17/01/2025


17/01/2025


17/01/2025


17/01/2025

« Mais fotos


Visitas
Hoje: 361
Total: 575.416

Feed RSS