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CONSCI�NCIA NEGRA





Vieram de terras distantes
Arrancados � for�a do lar
Muitos aqui nem chegaram
Aos mortos, o fundo do mar

Aportaram em terra estranha
E agora, como seria?
Tratados pior que animais
Vendidos qual mercadoria

Come�ava na hist�ria do Brasil
N�doa de grande propor��o
Mancha que nos envergonha
Os horrores da escravid�o

Meu Deus, que do alto nos olha
Que perf�dia h� no cora��o
De um ser humano racional
Que escraviza o pr�prio irm�o?

Nas fazendas de caf�, de cana, nos garimpos
Foi o negro escravizado
Padeceu os mart�rios no tronco
Feito r�s, foi marcado

Sem direito nem mesmo � vida
Sem ilus�es, sem liberdade
Seria a cor de sua pele
Sin�nimo de inferioridade?

A fuga era a �nica esperan�a
Os quilombos era a salva��o
O capit�o do mato, sinistra figura
Melhor morrer que cair em suas m�os

Meu Deus, que do alto nos olha
Que perf�dia h� no cora��o
De um ser humano racional
Que escraviza o pr�prio irm�o?

As noites eram intermin�veis
No sofrimento an�nimo das senzalas
Vozes clamando justi�a
E a voz da justi�a que cala

Tanto tempo durou a ignom�nia
Depois veio a aboli��o
Mas ser� que ela acabou
Com o fantasma da escravid�o?

N�o, com certeza n�o acabou
Satisfez apenas a teoria
A verdade � que n�s temos
Escravid�o ainda hoje, em nossos dias

Meu Deus, que do alto nos olha
Que perf�dia h� no cora��o
De um ser humano racional
Que escraviza o pr�prio irm�o?

Os filhos nascendo escravos
Os pais morrendo escravos
Meu Deus, a que reduziram
Um povo t�o forte, t�o bravo

Se at� hoje h� preconceito
Como pode haver liberdade
Ser� que a cor da pele
� sin�nimo de inferioridade?

N�s somos todos irm�os
Somos filhos de um mesmo pai
Brancos, negros, vermelhos, amarelos
N�s somos todos iguais

Meu Deus, que do alto nos olha
Que perf�dia h� no cora��o
De um ser humano racional
Que escraviza o pr�prio irm�o?

O brasileiro � um povo mesti�o
� a mistura de v�rias na��es
E o sangue negro pulsa, pujante
Em milhares de cora��es

Quanta contribui��o o negro
Legou-nos como heran�a
Na constru��o do Brasil
Na arte, na culin�ria, na dan�a

Muito deve a nossa cultura
Muito deve o nosso pa�s
A esse povo oprimido
Os descendentes de Zumbi

Meu Deus, que do alto nos olha
Que perf�dia h� no cora��o
De um ser humano racional
Que escraviza o pr�prio irm�o?

A liberdade � preciosa
E o preconceito racial
� um sentimento odioso
� atitude irracional

A cor n�o � diferen�a
N�s somos todos irm�os
O homem que salvou o mundo
N�o fez esta distin��o

Ningu�m � melhor que ningu�m
Morreremos do mesmo jeito
Voc� � inteligente
Diga n�o ao preconceito.

Antonio Luiz de Souza





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