Onde quer que o fulgor da tua gl�ria apare�a,
Obra de g�nio, flor de hero�smo ou santidade,
Da Gioconda imortal na radiosa cabe�a,
Num ato de grandeza augusta ou de bondade,
Como um pag�o subindo � Acr�pole sagrada,
Vou de joelhos render-te o meu culto piedoso,
Ou seja o Her�i que leva uma aurora na Espada,
Ou o Santo beijando as chagas do Leproso.
Essa luz sem igual com que sempre iluminas
Tudo o que existe em n�s de grande e puro, veio
Do mesmo foco em mil par�bolas divinas:
Raios do mesmo olhar, �nsias do mesmo seio.
Alta revela��o que, baixando em segredo,
O prisma humano quebra em �ngulos dispersos,
Como a �gua a cair de rochedo em rochedo
Repete o mesmo som, mas em modos diversos.
� aud�cia no Her�i; resigna��o no Santo;
Som e Cor, ondulando em formas imortais;
No m�rmore rebelde abre em folhas de acanto,
E esmalta de candura a flora dos vitrais.
� Beleza! � Beleza! as Horas fugitivas
Passam diante de ti, aladas como sonhos...
Que importa onde elas v�o, doutra for�a cativas,
Se o Infinito luz nos teus olhos risonhos?!
Abrem flores, cantando, ao teu h�lito ardente,
Brilham as aves como estrelas, e as estrelas,
Como flores enchendo a noite refulgente,
Deixam-se resvalar sobre quem vai colh�-las...
�s tu que �s ilus�es d�s juventude e forma,
Tu, que talvez do c�u, de onde vens, te recordes
Quando, a ouvir-nos chorar, a tua voz transforma
Disson�ncias de dor em imortais acordes.
Vejo-te muita vez, � luz de aurora ou de raio,�
Como um gl�dio de fogo a avan�ar no horizonte;
Ou ent�o, em manh�s transparentes de Maio,
N�iade toda nua a fugir duma fonte.
Outras vezes, de noite e a ocultas, apareces,
Como ovelha que Deus do seu redil tresmalha,
Trazendo no rega�o inesgot�veis messes,
Que Ele por tuas m�os sobre a mis�ria espalha...
Pudesse eu revelar-te em estrofes aladas,
Que partissem ao Sol refulgindo em lavores,
Com rimas de oiro, em talau e p�rpura engastadas,
como versos que v�o desabrochando em flores!
Mas a l�ngua n�o � sumptuosa bastante
Para nela deixar teu g�nio circunscrito;
Trago-te dentro em mim, sinto-te a cada instante,
E a voz nem mesmo tem a eloqu�ncia dum grito!
Mas se para o teu culto, em esplendor externo,
N�o encontro uma prece altamente expressiva,
Por ti meu cora��o arde dum fogo eterno,
Como chama a tremer de l�mpada votiva!