Lembro das tardes de domingo
Em que eu corria pra pra�a
A fim de encontrar a namoradinha
Que me esperava ansiosa
Em uma m�o eu levava uma rosa
E na outra, todo sem gra�a
Uns trocadinhos pro cinema

Lembro que � noite voltei
Triste e sem gra�a
Pelo que aconteceu:
Sa�ra do cinema, infeliz
E preocupado
Pois ela haveria de querer
Comigo tomar um sorvete
E, de fato, ela quis
Mas o dinheiro n�o deu

Lembro das vezes em que via
Aquela camisa da moda
E sonhava-me dentro dela
A desfilar pela cidade
Causando inveja
Aos rapazes da minha idade
Mas, s� no sonho eu ficava
E, ao acordar pra realidade
Via-me todo esfarrapado
E, ent�o, dos outros invejava

Lembro do meu pai, pobrezinho!
A lutar com sacrif�cios
Para n�o nos faltar o p�o
E o p�o, quase sempre, faltava
Lembro da decep��o
Que via nos olhos do �velho�
Da tristeza, ao ver-nos com fome
E num canto da casa eu chorava

Lembro da minha m�e, l� no tanque
Lavando roupa pra fora
Cantando sem parar
Talvez pra esquecer sua m�goas
L�grimas juntando-se �s �guas
Ser� que nenhuma freguesa
Ao por sua toalha na mesa
N�o iria imaginar
Que a mesma lavou-se com a tristeza
Da minha m�e a chorar?

Saudades sente-se das coisas boas que se teve
Felizes os que t�m boas lembran�as do passado
Infelizes os que n�o sentem saudade
Sentem s�, na verdade
Uma vontade imensa
De esquecer os maus momentos
E de viver momentos bons
Para, mais tarde,
Poder sorrir
Ao lembrar







Extraido do livro de Ademir Gar�on "Onde o Meu Olhar N�o Alcan�a"