N�o sei se foi por pregui�a, por condicionamento,
pela dificuldade de estarmos plenamente atentos no
instante de cada a��o.
O fato � que a planta havia morrido h� semanas e durante
todo aquele tempo eu continuei a reg�-la, como se estivesse ali.
O vaso cheio de terra, vazio de verde, permanecia no
mesmo lugar,
entre os outros, como se nada houvesse acontecido.
Toda vez que eu repetia o movimento, eu me dava
conta da estranheza do meu gesto,
mas acabava me entretendo com outra coisa e adiava
mais uma vez a retirada do vaso.
Outra hip�tese � o embara�o que �s vezes temos para
reconhecer a morte das coisas.
Para aceitar que o tempo delas acabou, embora possa
ser t�o �bvio como um vaso sem planta.
(...) Nossos gestos de desapego s�o capazes de criar
espa�o para o novo.
Minha m�e plantou outra muda de planta naquele vaso.
A �ltima vez que vi, estava florida.
Ana J�como
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