"Cansei de me flagrar em circunst�ncias em que eu jurava
que havia ocorrido uma falha do cen�grafo na montagem
do ambiente: tudo o mais poderia estar no lugar correto,
mas n�o era para eu estar ali. A� era um tal de listar os
supostos culpados, lamentar a m� sorte, um blablabl�
triste toda vida, sob o fundo musical de ��, Deus, como
sou infeliz�. Muitas cenas depois, porque s� o tempo �
capaz de nos dar olhos que veem um pouco al�m das
apar�ncias, comecei a encaixar as pe�as daquelas tais
circunst�ncias e a perceber que estive exatamente onde
eu me coloquei. Nem um cent�metro a mais nem a menos.
Eram os meus sentimentos, minhas dores pendentes de cura,
minha resist�ncia � mudan�a, minhas cren�as equivocadas
sobre mim, que me atra�am para aqueles cen�rios. Pe�as
encaixadas, descobri que, no fim das contas, a roteirista
o tempo todo era eu.
Se a hist�ria n�o me agrada, preciso aprender a reescrev�-la
at� que se torne parecida com a ideia que passa pelo meu
cora��o. O roteiro s� muda quando eu assumo a minha
responsabilidade por ele e me trabalho para ser capaz de
modific�-lo. N�o adianta culpar o cen�grafo."
Ana J�como
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