Can��o
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as m�os,
para o meu sonho naufragar
Minhas m�os ainda est�o molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da �gua vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio�
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cres�a,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapare�a.
Depois, tudo estar� perfeito;
praia lisa, �guas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas m�os quebradas.
Cec�lia Meireles
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