REFLEXOS
Vez ou outra me torno em algo
Que foge ao meu mundo.
Um lugar entre meus dedos
Onde sua pele fica queimando
E trago orvalhos nos olhos
E me ilumino de novo
A luz dos tempos antigos
Em que vivia a mulher leve
Sem peso, sem rodas a girar
Sobre as costas,
sem rostos a girar na mem�ria.
O mundo dentro de mim...
Imenso!
O mundo onde dorme todos os her�is
E todos os anjos
E me embalam de novo as cantigas de roda
A curva dista no horizonte im�vel
A dorm�ncia entre os tempos
Tudo parece um filme
Fantasmag�rico
Assombroso
Eu mordo minha pr�pria palavra
S� pra repetir minha velha m�sica
A fada que em mim fascina
A bruxa que me domina
A louca que me sonda entre as horas de fogo
Eu ainda n�o adormeci a menina!
Ainda n�o a deixei partir
Por isso tantas em mim
E s� uma no espelho.
Dentro do reflexo eu espero
O amplexo duro de uma aus�ncia
Que torna tudo que me faz
Em luz, e n�o posso fugir a luz
Ao del�rio de me sentir viva.
E o que me alimenta n�o me seduz.
Torna-me cigana, estrangeira
Cativa
Sempre me afogando em seu suor
�guas imaginarias de uma est�ria antiga,
Que ainda assim tem tanto de amor.
Claudia Morett
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