Mist�rio
Gosto de ti, � chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ningu�m entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus p�lidos dedos delicados
Uma alada can��o palpita e ascende,
Frases que a nossa boca n�o aprende,
Murm�rios por caminhos desolados.
Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o l�gubre arrepio
Das sensa��es estranhas, dolorosas�
Talvez um dia entenda o teu mist�rio�
Quando, inerte, na paz do cemit�rio,
O meu corpo matar a fome �s rosas!
(Florbela Espanca)
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