Augusta
Michelly Kinai
De madrugada, em plena augusta, eu o procuro pelos p�s. �s vezes eu quero morrer de falta�me deixar consumir pela aus�ncia que as lembran�as dele me trazem. Hoje eu lembro como se fosse ontem, amanh�, vou me lembrar como se fosse hoje. Me mata saber que n�o h� grade no mundo em que eu v� encostar novamente sem lembrar da noite em que eu o conheci. Conversamos por horas, lhe dei uma rosa de nicotina, ele sorriu e a guardou no bolso da sua blusa de moletom azul, que contrastava com as tatuagens nas pernas, extremamente identific�veis, talvez o motivo pelo qual s� usasse bermudas, e odiasse cal�as� Eu nunca deixava bitucas jogadas no ch�o, era minha contribui��o ao mundo e ele parecia achar gra�a. Com um copo de cerveja, rec�m conhecidos, tomamos o lugar e dan�amos, dan�amos at� o sol nascer. Me lembro do sil�ncio das manh�s, enquanto eu olhava pela janela e via pessoas correndo, passeando com seus cachorros e acendia um cigarro debru�ada. Lembro do dinossauro na cabeceira da cama, do jeito como me olhava, sempre pensativo�dos pensamentos, pelos quais de fato eu trocaria por moedas. Enfim, um dia, mesmo sabendo que n�o havia lugar pra mim na sua vida, o reencontrei e sentados no seu lugar secreto, ao som do ar condicionado que cobria o barulho da avenida, rodeados de pr�dios num banquinho nos olhamos e ele, num devaneio me perguntou "ser� que essa � a lembran�a que eu vou levar pra outra vida?� De madrugada, em plena augusta, eu ainda o procuro pelos p�s.
→.●๋♫ ک�l✿ڿڰۣ� ♫●.←
__________: : -�✿�-: : __________
.