RETRATO DE MIM
Nubla o tempo... o sol se foi!
O deserto da rua � como o deserto de mim:
fosco, vazio, �rido...
A brisa fina denuncia o pren�ncio
de um dia morno.
E �!
Falta, aus�ncia!
Dor, dist�ncia!
Alma viva alguma pela rua perambula.
E na surdez da tempestade d\\\'alma
a l�grima chega e inunda o rosto
cansado e sem esperan�a.
Falta... dor!
Dist�ncia!
Vai se esvaindo o tempo,
assim como se esvai o sonho.
Tempo... quanto?
Sonhos... tantos!
E a brisa que nubla o tempo
obscurece o semblante, formando
grossas camadas de orvalho
nos cabelos lisos e j� grisalhos.
Dia claro e sem sol.
No deserto da rua, tal gesto de alma nua,
me retrato no deserto de mim
e apenas um vulto feito uma sombra
circunda e povoa meu ser...
... Onde est� sua sombra?
Onde est� voc�?
onde est� seu vulto?
Inutil... tudo em v�o!
Apenas sombras de mim e a aus�ncia do sol.
Vida fosca, sem brilho e sem luz.
Cor de cinza... solid�o!
(MARCO MOTTA)