Desejo que voc�, sendo jovem, n�o amadure�a depressa demais e que, sendo maduro,
n�o insista em rejuvenescer e que, sendo velho, n�o se dedique a desesperar.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
� preciso deixar que eles escorram dentro de n�s.
Desejo, por sinal, que voc� seja triste, mas n�o o ano todo,
nem em um m�s e muito menos numa semana, mas apenas por um dia.
Mas que nesse dia de tristeza, voc� descubra que o riso di�rio � bom,
o riso habitual � insosso e o riso constante � insano.
Desejo que voc� descubra com o m�ximo de urg�ncia, acima e a despeito de tudo,
Talvez agora mesmo, mas se for imposs�vel, amanh� de manh�,
que existem oprimidos, injusti�ados e infelizes,
e que est�o � sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.
E que eles continuar�o � volta de seus filhos, se voc� achar a conviv�ncia inevit�vel.
Desejo ainda que voc� afague um gato, que alimente um c�o
e ou�a pelo menos um jo�o-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal.
Porque assim voc� se sentir� bem por nada.
Desejo tamb�m que voc� plante uma semente,
por mais rid�cula que seja, e acompanhe o seu crescimento dia-a-dia,
para que voc� saiba de quantas muitas vidas � feita uma �rvore.
Desejo, outrossim, que voc� tenha dinheiro, porque � preciso ser pr�tico.
E que, pelo menos uma vez por ano, voc� ponha uma por��o dele na sua frente e diga:
Isso � meu. S� para que fique bem claro quem � dono de quem.
Desejo ainda que voc� seja frugal, n�o inteiramente frugal,
n�o obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.
Mas que esse frugalismo n�o impe�a voc� de abusar quando o abuso se imp�e.
Desejo tamb�m que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por voc�.
Mas que, se morrer, voc� possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.
Desejo, por fim, que sendo mulher voc� tenha um bom homem,
E que sendo homem, tenha uma boa mulher.
E que se amem hoje, amanh�, depois, no dia seguinte, mais uma vez,
E novamente, de agora at� o pr�ximo ano acabar,
E que quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda tenham amor para recome�ar.
E se isso s� acontecer, n�o tenho mais nada para desejar. �
IMPORTANTE: esta poesia, de autoria de Sergio Jockymann, foi publicada em 1980 no Jornal Folha da Tarde, de Porto Alegre-RS.
Sergio Jockymann
�.�*�) �.�*�) �.�*�)
S O L
(�.�� (�.�� (�.�
.�*��`*�.��.�*��`*�.��.�*��`*�.�