as rotas de fuga. Cheguei a procurar not�cias suas pelos jornais, pois
s� um obitu�rio justificaria tamanha demora em uma liga��o.
Enfim,
por muito mais tempo do que desejaria, mantive na ponta da l�ngua tudo
o que eu devia te dizer, e tudo o que voc� merecia ouvir, e tudo. Mas voc� n�o ligou.
Mando esta carta, portanto, sem esperar resposta. Nem sequer espero mais por nada,
em coisa alguma, nesta vida, pra ser sincera. No que se refere a voc�,
especialmente, porque o vazio do seu sumi�o j� me preenche; tenho nele
um conforto que motivos n�o me trar�o.
N�o me responda, ent�o, mesmo
que deseje. N�o quero um retorno; quis, um dia, uma ida. Que n�o
aconteceu, assim deixemos para l�.
Estaria, entretanto, mentindo se n�o dissesse que, aqui dentro, ainda me corr�i
uma pequena curiosidade. Pois n�o � todo dia que uma pessoa n�o vai e
n�o liga, �? As pessoas guardam esses grandes vacilos para momentos
especiais, n�o guardam?
Ent�o, eis a minha �nica curiosidade: voc� �s vezes pensa nisso, como eu penso? Com um suave aperto no cora��o? Ou ser� que voc� foi apenas um idiota que esqueceu de ir ?
Vou atr�s de um outro jeito de viver a minha vida, j� que em qualquer situa��o diferente estarei lucrando. Mas antes fa�o quest�o de te dizer tr�s coisas.
Primeira:
voc� n�o � t�o interessante quanto pensa. N�o mesmo. Tive bem mais
decep��es do que surpresas durante o tempo em que estivemos juntos.
Segunda:
n�o vou sentir falta do teu corpo. J� tive melhores, posso ter
novamente, provavelmente terei. Possivelmente ainda esta semana.
Terceira:
fiquei com um certo nojo de voc�. N�o sei por qu�, mas sua lembran�a,
hoje, me d� asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a
pensar em voc� por uns dias. "
Fernanda Young .
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