
Fernando Ant�nio Nogueira Pessoa, nasceu em
13 de junho de 1888, em Lisboa, Portugal, onde
faleceu em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos

Enquanto n�o superarmos
a �nsia do amor sem limites,
n�o podemos crescer
emocionalmente.
Enquanto n�o atravessarmos
a dor de nossa pr�pria solid�o,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, �
necess�rio ser um.
Fernando Pessoa

ANIVERS�RIO
"No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ningu�m estava morto.
Na casa antiga, at� eu fazer anos
era uma tradi��o de h� s�culos,
E a alegria de todos, e a minha,
estava certa com uma religi�o qualquer.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande sa�de
de n�o perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a fam�lia,
E de n�o ter as esperan�as
que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperan�as,
j� n�o sabia ter esperan�as.
Quando vim a olhar para a vida,
perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de cora��o e parentesco.
O que fui de ser�es de meia-prov�ncia,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui � ai, meu Deus!, o que s� hoje sei que fui...
A que dist�ncia!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje � como a umidade
no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me
amaram treme atrav�s das minhas l�grimas),
O que eu sou hoje � terem vendido a casa,
� terem morrido todos,
� estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um f�sforo frio...
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo f�sico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metaf�sica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como p�o de fome,
sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez
que me cega para o que h� aqui...
A mesa posta com mais lugares,
com melhores desenhos na loi�a, com mais copos.
O aparador com muitas coisas
� doces, frutas o resto na sombra debaixo do al�ado
� As tias velhas, os primos diferentes,
e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
P�ra, meu cora��o!
N�o penses! Deixa o pensar na cabe�a!
� meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje j� n�o fa�o anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de n�o ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!..."
FERNANDO PESSOA
15/10/1929
Direitos Autorais protegidos
pela Lei 9.610 de 19/02/98.

AUTOPSICOGRAFIA
O poeta � um fingidor.
Finge t�o completamente
Que chega a fingir que � dor
A dor que deveras sente.
E os que l�em o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
N�o as duas que ele teve,
Mas s� a que eles n�o t�m.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a raz�o,
Esse comboio de corda
Que se chama cora��o.
Fernando Pessoa
Direitos Autorais protegidos
pela Lei 9.610 de 19/02/98.

"Todo estado de alma � uma paisagem.
Uma tristeza � um lago morto dentro de n�s.
Assim, tendo n�s, ao mesmo tempo, consci�ncia
do exterior e do nosso esp�rito, e sendo nosso
esp�rito uma paisagem, temos ao mesmo tempo
consci�ncia de duas paisagens."
Como se v�, um esp�rito t�o rico e at� paradoxal
como o de Pessoa n�o podia se resumir numa s�
personalidade. Da� o surgimento de muitos
heter�nimos, principalmente o de Ricardo Reis,
Alberto Caeiro e �lvaro de Campos.

CLIQUE na m�ozinha
- REVISTA DE POESIAS -

FACEBOOK - Verluci Almeida -
clique aqui
FACEBOOK - VERLUCI ALMEIDA II
clique aqui
MEU TWITTER
clique aqui
REVISTA DE POESIAS
clique aqui
RECANTO DAS LETRAS
clique aqui