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AFINIDADES (para a poetisa Florbela Espanca)



AFINIDADES

(para a poetisa Florbela Espanca)

Eras a flor... de todas a mais bela!
A poetisa sem sorte e em tua dor,
Viveste toda uma vida sem amor.
Triste e bela, teu nome era Florbela!

Mostraste ao mundo a tua solid�o.
Tua m�goa, em l�grimas naufragava.
Teus sonetos, com lirismo encantava.
S� tu sabias, como sofria teu cora��o.

Em tua alma de p�ssaro encantado,
Vejo muito do que sinto, me espanta
Coisas minhas escritas em tuas linhas.

O amor por ti almejado e sonhado
Em versos declamado me encanta.
- Das afinidades em nossas rimas!

�Verluci Almeida
08/04/2007



POETAS

Ai almas dos poetas
N�o as entende ningu�m,
S�o almas de violeta
Que s�o poetas tamb�m.

Andam perdidas na vida,
Como estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

S� quem embala no peito
Dores amargas secretas
� que em noites de luar
Pode entender os poetas.

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ningu�m
Tenho alma para sentir
A dos poetas tamb�m!

Florbela Espanca




Para qu�?!

Tudo � vaidade neste mundo v�o�
Tudo � tristeza, tudo � p�, � nada!
E mal desponta em n�s a madrugada,
Vem logo a noite encher o cora��o!

At� o amor nos mente, esta can��o
Que o nosso peito ri � gargalhada,
Flor que � nascida e logo desfolhada,
P�talas que se pisam pelo ch�o!�

Beijos de amor! Pra qu�?! � Tristes vaidades!
Sonhos que logo s�o realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

S� neles acredita quem � louca!
Beijos de amor que v�o de boca em boca,
Como pobres que v�o de porta em porta!�

Florbela Espanca




Hora que Passa

Vejo-me triste, abandonada e s�
Bem como um c�o sem dono e que o procura
Mais pobre e desprezada do que Job
A caminhar na via da amargura!

Judeu Errante que a ningu�m faz d�!
Minh�alma triste, dolorida, escura,
Minh�alma sem amor � cinza, � p�,
Vaga roubada ao Mar da Desventura!

Que trag�dia t�o funda no meu peito!�
Quanta ilus�o morrendo que esvoa�a!
Quanto sonho a nascer e j� desfeito!

Deus! Como � triste a hora quando morre�
O instante que foge, voa, e passa�
Fiozinho d��gua triste� a vida corre�

Florbela Espanca

PARA LER MAIS SONETOS de FLORBELA - CLIQUE AQUI



Sempre haver� muito a se dizer sobre Florbela Espanca
e seus versos, muito a se descobrir e se analisar na
personalidade e na obra t�o genial, criativa e conturbada
dessa incr�vel poeta, mas quem melhor soube definir
Florbela Espanca foi ela mesma, em suas palavras:

"O meu mundo n�o � como o dos outros, quero
demais, exijo demais; h� em mim uma sede de
infinito, uma ang�stia constante que eu nem mesma
compreendo, pois estou longe de ser ruma pessoa;
sou antes uma exaltada, com uma alma intensa,
violenta, atormentada, uma alma que n�o se sente
bem onde est�, que tem saudade� sei l� de qu�!
(Florbela Espanca)



FANATISMO

Minh alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
N�o �s sequer raz�o do meu viver
Pois que tu �s j� toda a minha vida!

N�o vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist"rioso livro do teu ser
A mesma hist�ria tantas vezes lida!...

"Tudo no mundo � fr�gil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a gra�a
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu �s como Deus: princ�pio e fim!..."

Florbela Espanca, in "Livro de S�ror Saudade"



FAGNER musicou este belo soneto de Florbela Espanca.

Veja o v�deo abaixo...



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