O que n�o tenho e desejo
� que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros -- perdi-os...
Tive amores -- esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.
Gosto muito de crian�as:
N�o tive um filho de meu.
Um filho!... N�o foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que n�o nasceu.
Criou-me, desde eu menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a sa�de...
Fiz-me arquiteto? N�o pude!
Sou poeta menor, perdoai!
N�o fa�o versos de guerra.
N�o fa�o porque n�o sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que n�o lutei!
Manuel Bandeira