PERNAS
Pernas � mostra.
Todo mundo olha:
quem as tem bonitas,
ou tortas,
ou gambitas.
Olha quem n�o quer,
olha quem n�o gosta.
Em tempos de Ver�o
fazem da esta��o uma festa esteta.
O surfista,
a secret�ria,
a dama do lar,
a ordin�ria,
a estudante,
o ciclista.
Se quiser seguir a seta
h� sempre pernas douradas na Paulista;
na contram�o da Rua Augusta, cuidado
para n�o se perder desavisado
num profundo v�o de saia justa.
Cal�as curtas,
fendas amplas,
parcos vestidos.
Perna muita,
perna tanta,
olho comprido,
pouca saia,
que na falta de uma praia
cada vez mais alto se levanta.
Perna que cruza, ro�a, abusa
que desfila nua seus calores
quebrando num repente a seriedade.
Pernas, pernas, pernas!
Deliciosos despudores da cidade.
FLORA FIGUEIREDO
Retirada
Respeite o sil�ncio
a omiss�o,
a aus�ncia.
� meu movimento de deser��o.
Abandonei o posto,
rompi a corda,
desacreditei de tudo.
Cansei de esperar que finalmente um dia,
minha fotografia
fizesse jus ao seu criado-mudo.
Flora Figueiredo
Festa chega ao fim.
Beijos sobram na bandeja.
Todos de amendoim!...
( Flora Figueiredo )
Linha de combate:
as granadas e os petardos
s�o de chocolate.
( Flora Figueiredo )