NOSSO COTIDIANO POR DANUSA LE�O.
N�o h� nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos at� ele chegar e a� ver o gar�om colocar na minha frente uma bolinha min�scula do meu sorvete preferido.
Uma s�!
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a por��o da sobremesa.
A� a vontade que d� � de passar numa loja de conveni�ncia, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas
vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou modera��o.
O sorvete � s� um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias por��es, de prazeres meia-boca,
de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai � festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual,
mas tem que fingir que � dif�cil (a imensa maioria das mulheres
continua com pavor de ser rotulada de "f�cil").
Adora tomar um banho demorado,
mas se cont�m pra n�o desperdi�ar os recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo,
mas tem medo de fazer papel rid�culo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD,
esparramada no sof�, mas se obriga a ir malhar.
E por a� vai.
N�o h� nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos at� ele chegar e a� ver o gar�om colocar na minha frente uma bolinha min�scula do meu sorvete preferido.
Uma s�!
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a por��o da sobremesa.
A� a vontade que d� � de passar numa loja de conveni�ncia, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas
vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou modera��o.
O sorvete � s� um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias por��es, de prazeres meia-boca,
de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai � festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual,
mas tem que fingir que � dif�cil (a imensa maioria das mulheres
continua com pavor de ser rotulada de "f�cil").
Adora tomar um banho demorado,
mas se cont�m pra n�o desperdi�ar os recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo,
mas tem medo de fazer papel rid�culo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD,
esparramada no sof�, mas se obriga a ir malhar.
E por a� vai.
Tantos deveres, tanta preocupa��o em "acertar",
tanto empenho em passar na vida sem pegar recupera��o...
A� a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta
e existencialmente sem-gra�a,
enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tes�o...
�s vezes d� vontade de fazer tudo "errado".
Deixar de lado a r�gua,
o compasso,
a b�ssola,
a balan�a
e os 10 mandamentos.
Ser rid�cula, inadequada, incoerente
e n�o estar nem a� pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias por��es.
At� Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou
e disse uma frase mais ou menos assim:
"Deus, dai-me contin�ncia e castidade, mas n�o agora"...
N�s, que n�o aspiramos � santidade e estamos aqui de passagem,
podemos (devemos?) desejar
v�rias bolas de sorvete,
bombons de muitos sabores,
v�rios beijos bem dados,
a �gua batendo sem pressa no corpo,
o cora��o saciado.
Um dia a gente cria ju�zo.
Um dia.
N�o tem que ser agora.
Por isso, gar�om, por favor, me traga:
cinco bolas de sorvete de chocolate,
um sof� pra eu ver 10 epis�dios do "Law and Order",
uma caixa de trufas bem macias,
e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente.
OK?
N�o necessariamente nessa ordem.
Depois a gente v� como � que faz pra consertar o estrago . . .
tanto empenho em passar na vida sem pegar recupera��o...
A� a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta
e existencialmente sem-gra�a,
enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tes�o...
�s vezes d� vontade de fazer tudo "errado".
Deixar de lado a r�gua,
o compasso,
a b�ssola,
a balan�a
e os 10 mandamentos.
Ser rid�cula, inadequada, incoerente
e n�o estar nem a� pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias por��es.
At� Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou
e disse uma frase mais ou menos assim:
"Deus, dai-me contin�ncia e castidade, mas n�o agora"...
N�s, que n�o aspiramos � santidade e estamos aqui de passagem,
podemos (devemos?) desejar
v�rias bolas de sorvete,
bombons de muitos sabores,
v�rios beijos bem dados,
a �gua batendo sem pressa no corpo,
o cora��o saciado.
Um dia a gente cria ju�zo.
Um dia.
N�o tem que ser agora.
Por isso, gar�om, por favor, me traga:
cinco bolas de sorvete de chocolate,
um sof� pra eu ver 10 epis�dios do "Law and Order",
uma caixa de trufas bem macias,
e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente.
OK?
N�o necessariamente nessa ordem.
Depois a gente v� como � que faz pra consertar o estrago . . .
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