A Rezadeira

Projota

Suas pernas foram feitas pra correr, neguim, entï¿½o vai

Degola o estirante, embola na rabiola e traz

Seus olhos foram feitos pra enxergar, toda vez que uma mina passar

Sua boca foi feita pra xavecar, entï¿½o vai e traz

Porque eu jï¿½ vi sua situaï¿½ï¿½o, suas panelas no fogï¿½o,

Sua chinela sem cordï¿½o, sua favela, seu colchï¿½o,

Sua sequela, podridï¿½o, seu caderno sem liï¿½ï¿½o,

Sua rabeira nos busï¿½o, seu roubo, seu ganha-pï¿½o,

Sua fuga com seus irmï¿½os, sua comemoraï¿½ï¿½o,

Vi seu bute bonitï¿½o, seu futebol de salï¿½o

Sua garra pela funï¿½ï¿½o, sua marra, sua perdiï¿½ï¿½o

E atï¿½ chorei com a sua primeira detenï¿½ï¿½o

Vagabundo vai correr, vai brincar

Vai chover, vai sujar

Deixa o menino jogar, que ï¿½ sexta-feira

Pra proteger ï¿½ que existe a rezadeira

A rezadeira vai rezar, rezadeira, vai rezar, rezadeira..

Mas essas grades num te prende, nï¿½ neguim, vem, volta pra nï¿½s

Deixa os problemas de lado, compra uma moto veloz

Sï¿½ que pra ter moto veloz, nï¿½, tem que ter um dim

E foi assim, foi assim que eu vi seu fim

Porque eu vi sua vontade,eu vi seu plano

Eu vi vocï¿½, eu vi seus mano

Eu vi o disfarce e vi seu cano

E vi vocï¿½ atirando

Eu vi correndo, eu vi trocando

Se escondendo, se assustando

Eu vi ali, te vi orando

E vi o seu peito sangrando

Eu vi seus amigos saindo, seus amigos te deixando

Sua coragem se esvaindo, e o seu olho fechando

Eu vi seu choro, vi seu medo por dentro te dominando

E vi meia dï¿½zia de anjos te buscando

E ela teve que te ver neguim, sangrando no chï¿½o

Ela tentou te socorrer, mas um pronto socorro nï¿½o

Ela atravessou o isolamento, sem caï¿½

Eu vi quando ela empurrou um policial e ajoelhou

Eu vi tambï¿½m ela chorando no seu sangue

Gritando um tal senhor

Cantando alto e claro aquele bonito louvor

Encarando seu espï¿½rito ao lado do seu corpo, em pï¿½

Implorando pra que se arrependa se puder

E eu vi o seu corpo tremendo com o seu coraï¿½ï¿½o parado

E uma lï¿½grima escorrendo com o seu olho fechado

Eu vi o povo todo olhando estasiado

E vi cada uma das cï¿½meras pifando pro segredo ser guardado

A rezadeira parou de cantar, e pra vocï¿½ sorriu

Os anjos voltaram pro cï¿½u, e entï¿½o o seu olho se abriu

E eu chorei testemunhando com vocï¿½s

Quando eu vi sua mï¿½e te dando a luz pela segunda vez

Tï¿½ coom vocï¿½ pra tudo c9 [ l.q eternamente]