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Elvis Presley o rei do rock�n�roll.
Elvis (o que j� � fato para muitos al�m dos f�s e de conhecimento p�blico), teve um
irm�o g�meo. Esse irm�o (Jesse Garon), foi enterrado numa esp�cie de cemit�rio comunit�rio
do ent�o vilarejo East Tupelo. Hoje, a l�pide simb�lica do irm�o encontra-se no jazigo da fam�lia
em Graceland.
A liga��o de Elvis com o irm�o tornou-se, durante muitos anos, uma esp�cie de cord�o umbilical insepar�vel. Sob uma luz mais fria, essa morte nunca foi absorvida totalmente pelo cantor, assim como a de sua m�e, falecida em 1958. Algo o prendia �quele ser que ele desconhecera em forma, e que em alma o fortalecia com a �sugest�o� de ser �dois em um�.
Muitas pessoas pr�ximas ao cantor durante sua vida, mencionavam fatos curiosos e amb�guos.
Muitos acreditavam que Elvis era o �nico a saber o local exato do primeiro jazigo de Jesse porque ele mantinha o h�bito na inf�ncia de ir at� o lugar e ficar �conversando� com o irm�o g�meo id�ntico.
Mais curioso ainda � um fato relatado por pessoas pr�ximas ao cantor que costumavam dizer que quando crian�a, ap�s depositar flores sobre o t�mulo de Jesse, ia a um lago vizinho e conversava com seu reflexo, como se fosse o pr�prio irm�o. Relativamente normal (dentro dos padr�es do comportamento infantil), se Elvis n�o o levasse para a vida adulta. A �sombra� desse irm�o, e posteriormente, a �sombra� da m�e (ap�s a sua morte),
acompanharam o cantor por toda a vida. Amigos pessoais, incluindo a esposa Priscilla Ann,relatam que Elvis por in�meras vezes, subitamente, deixava-os no meio de uma conversa ou de um racioc�nio para conversar com seu irm�o ou m�e que, palpavelmente, nada mais eram do que a sua pr�pria �sombra� refletida na parede. Muitos e por muitas vezes, encontraram-no conversando sozinho em �di�logos� eloquentes.
A �sombra� acabou por acompanhar Elvis por quase toda a sua vida. Em muitos
dos �di�logos consigo mesmo�, o cantor sempre mencionava fatos que mais tarde foram fatidicamente comprovados. De forma consciente ou n�o, Elvis tinha uma �ntima premoni��o de que n�o viveria por muito tempo, e que viera a esta vida justamente para uma �miss�o especial� por ser �especial�. Essas certezas nunca foram compreendidas totalmente pelo rapaz e mais tarde pelo homem Elvis. Aonde ele chegaria, os porqu�s, para o qu� viera e porqu�
�eu�, o que �eu� devo fazer...eram indaga��es constantes que o levavam a per�odos de depress�o, ang�stia e agressividade tais que seu humor poderia variar vinte quatro vezes ao dia. Desde crian�a, a m�e incutiu na cabe�a do filho que quando dois g�meos id�nticos nascem e um deles morre, o outro assume a for�a de dois. No respeito � cren�a da m�e,Elvis adotou a personalidade de dois. Sendo dois ele poderia ser e fazer o que quisesse.
A certeza de sua outra parte (morta) viva ficou em todo o comportamento de uma vida.
Os fatos e situa��es facilmente compreendidos por uma inf�ncia carente, de pobreza
e humilha��es marcadas, traumas de aus�ncia, sonhos, expectativas e frustra��es, n�o o prepararam para o sucesso a que j� estava destinado. Ao se deparar com o mundo sonhado (embora intimamente consciente das poucas chances de realiza��o), o n�vel de expecta��o do homem n�o conseguiu equiparar-se ao n�vel de realiza��o do artista.
Na verdade, acredito hoje que ele pouco teve consci�ncia da grandeza de sua arte. A for�a de seu trabalho foi por ele compreendida. Mas duvido que Elvis Presley tivesse tido a no��o real do valor deixado para a hist�ria da m�sica mundial. Os marcos que deixou, bem como as fronteiras que rompeu, foram decididamente involunt�rios e puramente naturais. Ele foi o �fen�meno�. E se o fen�meno foi grande � porque ele o era. Mas infelizmente n�o soube lidar com sua sombra que n�o era, na realidade, as imagens fict�cias de entes queridos, mas sim a imagem dele pr�prio, o rei do rock�n�roll.
Ele queria s�-lo, mas n�o admitia. Uma for�a involunt�ria ou mais um marketing estrat�gico de sua carreira? Nunca saberemos. O que levou Elvis Presley a ser o que ��, pouco importa.
Justo n�o foi ter-se permitido ao homem acompanhar o mito, ou ao mito redimir-se no homem.
O mito n�o existiria sem ele, percebia-se nitidamente que ele pr�prio julgava o contr�rio. Ele o criou e adotou, e poderia t�-lo abandonado, se o medo de ser ele pr�prio n�o fosse maior. O que seria ele se n�o fosse �o Elvis�? Qual seria a aceita��o dos demais e suas realiza��es materiais sob a forma de compensa��es, se n�o fosse �o rei�? Quantos �n�os� teria ouvido pela vida afora, se tivesse dado a si pr�prio a oportunidade de ser feliz? Essas eram as indaga��es de sua sombra, de um lado, seu interior muito presente que todos viam e afirmavam que n�o, de outro, ele
reconhecia essa sombra e no �ntimo queria que todos a reconhecessem e adotassem em forma viva; por isso, in�meras vezes Elvis se queixou que �ningu�m entendia nada�.
A depress�o e ang�stia do �homem Elvis� eram palp�veis. Por que o deixavam continuar?
Por que, contraditoriamente, ele pr�prio repudiava quem tentasse tornar viva sua sombra?

Muito obrigado por sua presen�a e coment�rio, um forte abra�o!

C@rlos
.





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