Quero um amor que lute comigo,
Que não coloque como finalidade de vida repetir o mesmo sonho enlatado,
Os mesmos passos, os mesmos roteiros, as mesmas palavras,
Um amor que não se acostume tanto assim com a vida, comigo, com o mundo,
Que estranhe, a dor, a beleza,
Que se espante com a lágrima e com o sorriso,
quero amores que se indignem com as violências, que se solidarizem com as dores do mundo,
Que abracem inclusive a falta de energia para lutar, o cansaço, a tristeza,
Mas que também compreendam que lutar não é só sobre dor e sofrimento, mas, sobretudo, sobre alegria e movimento,
E que nos momentos de desamparo, possa tecer o laço na Refazenda da vida,
“Como quem quebra o objeto mais querido,
E começa a apanhar piedosamente,
Todas as microscópicas partículas”, como diria Augusto dos Anjos,
Porque, mesmo não sendo objetos, também quebramos e talvez, juntos, possamos fazer, desses caquinhos que somos um mosaico bonito.