As memórias mais estimadas que tenho da minha infância são lembranças de riachos, de pequeninas quedas d’água rodeadas de flores coloridas, de milharais repletos de espigas que eu usava, como bonecas por causa do cabelo engraçado que elas tinham, de pular a porteira para correr atrás dos bezerros (e pular de volta em desesperada quando a mamãe vaca é que resolvia correr atrás de mim), de vagalumes que eu sonhava em prender num pote de vidro pra fazer uma lanterna de fadas, de bananeiras carregadas de bananas reluzentes, do rio que corria no quintal da nossa chácara naquela cidadezinha, das suas inúmeras goiabeiras que eu escalava e das quais ás vezes caÃa e ralava os joelhos tentando pegar uma goiaba particularmente alta, do belÃssimo pomar cheio de carambolas que meu avô materno mantinha com tanto cuidado e zelo, de todas aquelas pessoas humildes e risonhas que sempre ficavam felizes em nos receber com sua forma de biscoitos fritos bem quentinhos.
— Larinha