Viver é dar e receber. Por vezes, receber de nós mesmos, também é um ato de amor e caridade. Muito tentamos fazer pelo outro. Cuidar, curar, salvar, acolher, proteger. Oferecemos muito do que temos para os que amamos. Por vezes, até mais do que podemos. Em um dia aleatório da sua vida, com a cabeça cheia e pensamentos a mil, caminhando pela vida, você é convidado a prestar atenção. Em si. Quando foi a última vez que você ofereceu pra si o que tanto dá pros outros? Quem cuida de você que tanto cuida dos outros? “Que a gente descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero” — eu diria: Que a gente descubra que ajudar é bom, mas que curar todo mundo é desespero. No fim das contas, tudo que você oferece é o que você tem de sobra. Lembre de usufruir também. Um guia espiritual que me acompanha me disse: Plantei café por muito tempo, usufruía do meu café e o que sobrava eu vendia. Questionei o que meu velho amigo quis me dizer com isso; “Menina, usufrua daquilo que você constrói, pois em grande parte, é pra você mesma. Existirá uma parte que sobra, essa você doa.” — ele não falava sobre café. Esquecemos com frequência o quão merecedores somos da nossa própria luz. Que também precisamos e merecemos aquela pausa. Aquele olhar amoroso. Daquela escuta paciente. Daquele autocuidado consciente. Se você consegue ver com tanta facilidade a necessidade do outro, acredite, você também pode enxergar a sua. Se é capaz de amar, ame-se na mesma intensidade. Se é capaz de acolher, acolha-se também. Você é a pessoa que mais precisa do que oferece.
— Juma Casagrande