"Quando tudo passa a ser medido com números, onde fica o encantamento? Sobre isso, Manuel De Barros escreveu um poema: A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá, mas não pode medir os seus encantos. A ciência não pode calcular quantos cavalos de força existem nos encantos de um sabiá. Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar, divinare. Os sabiás divinam." Sabe o que difere os encontros comuns, dos extraordinários? O encanto! Beleza externa a gente explica, atração física a gente explica, querer alguém pelo ego a gente também explica, mas o encanto, esse foge de qualquer explicação lógica, é quando algo no outro nos acerta em cheio, o sorriso brilha diferente, a postura chama atenção, o olhar prende, às vezes o outro nem está dentro das expectativas do que achávamos que queríamos e você não sabe explicar exatamente porque aquela pessoa em meio a tantas outras. Mas quando acontece o encanto, é diferente, é sútil, é potente, é único. Foi assim que eu reconheci o que houve entre nós, a maneira como nós olhamos, como a conversa fluiu tão rápido e como tudo que eu pensava enquanto você sorria era que eu só queria ser o motivo desse riso nos muitos dias futuros. Conexão não se explica, se sente, mas eu precisava encontrar uma palavra pra definir essa vontade de cuidar de você e de fazer você se sentir todos os dias a pessoa mais amada do mundo, e á isso eu chamo de ENCANTO.
Me conte de você, me fale da sua comida preferida, que talvez goste de cogumelo empanado, me conte qual seu lado preferido na cama, me fala qual lado você dorme melhor. Me diga banalidades, ninguém se importa, eu sim! Me conte dos detalhes, que talvez você segura o copo pelo meio como senão quisesse deixar marcas, ou então você tem mania de contar os degraus da escada e de pular os quadrados na calçada, de apostar sua vida numa caminhada em cima do meio fio. Me fala qual é o som que te dá mais paz, do ventilador girando na hora de dormir ou então a chuva batendo no telhado, ou então os passarinhos que anunciam que já está na hora de levantar. Me conta de você, se você prefere acordar com o sol invadindo a janela, ou que a cortina esteja meia fechada pra achar por mais tempo que o mundo ainda não começou. Me diga das suas preferências inúteis, da fruta que você só come se estiver gelada, do cheiro que te lembra sua infância, do cheiro de alguma comida que te lembra da paz de estar em casa. Me diga tudo que parece não ter valor algum, porque pra mim, são nesses fiapos de vida que eu encontro o desenho mais nítido de quem você é. Eu penso em todas essas coisas, e eu ainda penso bastante em você, tu acredita?

— .(Escrito dia 14/09/2025, às 21:02).