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NAS TUAS M�OS


Afundo os meus olhos dentro de mim mesmo enquanto minh�alma se entranha mata fora em busca de aux�lio. Sinto-me a ficar ausente de mim mesmo sem perceber muito bem o que est� a acontecer. Um sede fremente inunda-me enquanto o calor n�o cessa de aumentar como um len�ol de fogo que me cobre a pele. Sinto-me cansado, muito cansado e j� n�o sinto, oi�o, nem os olhos se abrem mais mesmo que se procurassem num voo de fuga o fim do pavor que me desfaz os sentidos.
O barulho caracter�stico de um motor, os solavancos incertos de uma estrada de terra, estou com uma manta por cima do meu corpo e uma mochila por baixo da cabe�a, sinto a fivela que a fecha. Abro lentamente os olhos, ao meu lado, homens de vestes incertas, fardas rasgadas, fumam como se um esp�lio tivessem capturado com a certeza de cada exala��o, brincando. De certeza que perdi os sentidos e ao me ver dessa forma tra�aram para mim um destino certo, provavelmente um que lhes traga lucro. Serviria eu de moeda de troca? Era esse o meu receio no momento. Sinto-me quebrado, desnorteado, fecho os olhos e deixo-me ficar, humede�o os l�bios secos que me quebram a sede certa.

O dia nasce solarengo muito embora a ilus�o do seu brilho desvanece por entre as areias quentes do deserto em que se havia transformado Sarajevo, e como uma miragem, num ambiente tragicamente m�gico, reina o aroma �nico do desespero entorpecido por entre a cortina de fumo e fogo que varre as formas e contorce as plan�cies �ridas da cidade.

Deixo-me ir deslizando pela pra�a sem saber muito certo o que fazer. Perdi a no��o da realidade e o papel que me levara at� ali. Paro... ali no centro do meu mundo olho ao meu redor... rostos cegos e silenciosos correm num festim silencioso, reflexos escaldantes, estagnados por fora, turbilh�es e ventanias quentes por dentro. Eram os olhos, apenas os olhos que refrescavam o calor que subia na minha ess�ncia, um longo crep�sculo de desejos expl�citos, invis�veis � superf�cie da alma que me despertam o ameno nascer de um dia que esperava ser tudo. N�o posso deixar me vencer pela in�rcia, n�o posso. Olho ao meu redor de novo e procuro o carro que ainda na noite anterior havia sido testemunha da magia de um beijo. Corro, corro como se a minha vida dependesse disso em direc��o ao mesmo. N�o me importa o desrespeito da miss�o, qualquer ac��o deve ser comungada da sua reac��o, e a minha, era partir em busca do Homem que se alongou � espreita da janela do meu longo Inverno, e ousou ao ritmo da chuva morna que se aninha no rega�o das �rvores, arrefecer a saudade das longas tardes de ver�o, oferecendo-me a luminosidade da Primavera que deixei partir numa manh� sem sol.

No brilho do meu olhar levava gravada a imagem do rosto de Ricardo, entregando-me apaixonadamente ao encanto dos seus tra�os, das linhas das suas m�os fortes com que me acariciava o cabelo na leveza de umas asas de borboleta. Saio como um sopro, r�pida e segura na derradeira vontade de o encontrar. Deixo para tr�s anos invis�veis de sil�ncio cheios de sentimentos e emo��es perdidas no tempo.

Corro neste imponente circo da vida em busca do meu equil�brio sobre a fina fronteira do horizonte que me separa o dia da noite. As luzes que me guiam os passos fazem-se de far�is que ofuscam o publico que nesta plateia assiste ao meu desespero, sem rede, mas com certezas...




Comentários
1 - /sabrinas2 em 16/04/2008 �s 09:33 disse:
Oi bom dia!!!
vlw!
pala visita hen
volte sempre..
bjus:**

Fotos com mais de 20 dias nao podem ser comentadas.
/fronteiradavida
Sobre * fronteiradavida
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