Sonhei que assistia a um jogo de futebol. Nele, duas das mais pesadas camisas do planeta se enfrentaram no campo dos sonhos, a Vila de Pel�. Cheio de garotos de talento incomum, o Santos fazia 3�0 num Flamengo recheado de grandes jogadores e que buscava o ataque mesmo sendo goleado.
Curiosamente o que vencia pouco agredia. Mas quando o fazia, com g�nios em sua linha de frente, era fatal.
Com 25 minutos um garoto sub-20 mostrava a todos n�s, brasileiros viuvos do futebol de verdade, que ainda podemos acreditar. Sozinho ou tabelando, o garoto driblava, corria, fazia gols e ainda mostrava personalidade. Neymar tinha at� um cabelo diferente no sonho. Mas s� o cabelo.
Ainda no primeiro tempo, onde curiosamente os 25 primeiros minutos foram dominados pelo Flamengo com 3�0 pro Santos, a coisa ficaria ainda mais maluca.
Ronaldinho (lembra dele?) fez um, Thiago Neves outro e no final do primeiro tempo Deivid empatou. Mas antes disso teve mais uma coisa curiosa.
Foi p�nalti pro Santos. Na cobran�a, Elano fez a cavadinha, e o Felipe defendeu, devolvendo com embaixadinha.
Tudo em casa, divertido, sem viol�ncia. Ali�s, o jogo terminou no primeiro tempo com 3�3, p�nalti perdido e menos de 15 faltas na partida.
Eu vibrava, o santista vibrava, o rubro-negro vibrava.
Torcedores comendo unha numa d�cima segunda rodada de pontos corridos, s� em sonho.
Mas l� estavam eles, de volta pro segundo tempo.
E se j� me espantava o fato do Muricy ter escalado um time t�o ofensivo e leve, n�o estranhei ver o Luxemburgo ir pra cima do poderoso Santos em plena Vila Belmiro.
Aquela tend�ncia suicida de quem ainda acredita em futebol bem jogado. Mas isso � s� um sonho, � claro.
O Santos fez mais um. O monstrinho do Neymar fez o quarto e tudo parecia ir pro mesmo lugar que amea�ou ir no primeiro tempo.
Mas o Flamengo n�o entrou em desespero. Ao contr�rio. Tocou, tocou, agrediu, pensou, buscou.
O Santos? Mesmo menos ofensivo, naturalmente, tentou e teve suas chances. Enquanto de um lado o Peixe jogava tudo no garoto g�nio de 20 anos, do outro eu via algo surreal.
O tal do Ronaldinho, o �pipoqueiro�, lembra? Corria, pedia a bola e jogava uma partida, com todo respeito, de Neymar.
Ou seria o Neymar jogando uma partida de Ronaldinho?
Ou seria, talvez, os dois times jogando uma partida de futebol brasileiro, o leg�timo?
Sei l�. Sei que o dentu�o fez o gol de empate e, brilhante, capit�o, inspirado e afim de jogo, fez o gol da virada.
Era um 3�0 virando 5�4, fora de casa, com atua��es m�gicas de 2 malabaristas da bola.
Era um sonho imposs�vel.
O Santos ainda em forma��o com as chegadas de novos talentos j� com sintomas de um time hist�rico.
O Flamengo? �O Flamengo � o Flamengo�, lembra? Se voc� n�o tinha entendido na primeira, ta� a legenda.
N�o me belisquem, por favor.
RicaPerrone