O que queres que eu seja? Boa moça, submissa, sempre solicita e satisfeita, nunca altiva, audaciosa, travessa.
Ornei-me, enfeitei-me de tudo o que tu querias que eu fosse, escondi minhas partes salgadas, amargas, como se tudo em mim fosse doce, mas não era, não é, nunca foi e tampouco será. Talvez até eu por um instante quisera que assim fosse.
Escondi meus medos, enterrei meus erros como se tudo em mim fosse perfeito. Não enganei somente a ti. Não! Durante um bom tempo menti também para mim mesma.
Me desfiz dos meus gostos, para caber no teu sabor, no teu espaço, no teu calor. Calor que no fim esfriou e descoloriu o melhor e o mais autêntico de mim.
Foi aà que entendi que o que eu sou é justamente tudo o que você não queria, você queria apenas o que era bom, belo, aceitável, compreensÃvel, uma metade e, eu como uma mulher múltipla, inteira, ampla e selvagem, não posso viver, não posso ser se não for em todo meu desastre, em toda a minha glória e com toda a minha pluralidade.
Sou alma