A menina que fui n�o foi embora.
Cada dia de sua vida ficou registrado,
agress�o, desprezo ou descaso,
l�grima de tristeza ou alegria derramada,
olhar de incentivo ou desaprova��o,
toda lembran�a guardada
numa esp�cie de por�o.
Ela sempre aparece sem ser convidada,
assim como que ao acaso!
E sem que eu perceba interfere nos meus atos, agora,
como interferiu ontem e sempre h� de interferir!
Assim � essa menina.
Ela grita e chora, incomoda, me explora.
At� parece que sente prazer em me ferir!
Como faz�-la calar?
Se morrer essa menina, perderei minha identidade,
livrar-me dela n�o quero e nem tenho esse poder.
Ela � exigente e vive de saudade,
mas sem maldade,
apenas � uma pequena acabrunhada
que esqueceu de crescer.
Incomoda por nunca se sentir amada,
maltrata por n�o se convencer de que � bela!
Castiga porque, sentindo-se inferior,
faz-me sentir isolada,
e n�o se d� conta de que a culpa � dela!
Pobre menina!
Calar-te n�o posso e nem quero,
porque �s tamb�m respons�vel pelos meus sonhos,
pela minha alegria e fantasia,
pelo inconformismo com a injusti�a,
pela gentileza e simplicidade,
pela confian�a nas pessoas e capacidade de perdoar,
por tudo que tenho de puro, simples e belo.
� de ti que nasce a poesia,
� por ti que busco os amores,
preciso-te, pura, linda, e at� afobada...
Mas, sem medos, sem dores.
Quero-te livre, feliz, curada!
L�dia Sirena Vandresen