Soneto da madrugada
Pensar que j� vivi � sombra escura
Desse ideal de dor, triste ideal
Que acima das paix�es do bem e do mal
Colocava a paix�o da criatura!
Pensar que essa paix�o, flor de amargura
Foi uma desventura sem igual
Uma incapacidade de ternura
Nunca simples e nunca natural!
Pensar que a vida se houve de tal sorte
Com tal zelo e t�o �ntimo sentido
Que em mim a vida renasceu da morte!
Hoje me libertei, povo oprimido
E por ti viverei meu �dio forte
Nesse misterioso amor perdido.
(Vinicius de Moraes)
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