Ser ou Estar
N�o sou!
Apenas estou!
Quando reflito, meu pensamento aflito.
Reprimo meu grito:
Quem sou?
Apenas sei que existo
Mas em que fundamento me aplico?
De que personalidade me visto?
Venho sendo vergada, transformada.
Pelo peso do mundo
Traspassada pelos sentimentos mais profundos,
Usando um vestido noturno
E um esp�rito fecundo.
N�o sou!
Quem entre tantos ousou ser?
Se os olhos da mente s�o os que podem ver,
Como explicar meus gestos nas oscila��es do meu proceder
Quem � o narrador da minha estranha est�ria
E o guardi�o secreto da minha mem�ria?
Sou a parte consciente do inconsciente do sonho?
Ou apenas uma centelha a que me imponho?
Estou viva!
E t�o tragicamente exposta �s garras da morte
Respons�vel por tanto
E t�o entregue e pr�pria sorte
T�o vulner�vel ao apelo mudo de um pranto
Ou a for�a oculta em algum encanto
T�o pouco e no pouco ser tanto!
N�o sou!
Nem t�o forte, nem t�o violenta, nem t�o brusca.
Mas sou livre!E isso n�o me assusta.
N�o sou!
Nem perfeita, mas t�o sujeita a imperfei��o.
T�o s� entre a multid�o,
T�o certa e sem raz�o...
Eu n�o sou!
Eu estou!
No espa�o que ocupo, nas coisas que busco.
Na mulher em mim que mais amou
O movimento mais impaciente e brusco
A mulher que n�o se revelou.
Ser o que nem sei se sou,
Aquela que chega quando eu me vou
Saber tanto e n�o saber
T�o s�bia, sem compreender.
A m�o que me desenhou
A gloria de n�o me haver,
A palavra que me poupou
O alivio de n�o me resolver
A gl�ria de amar sem precisar esconder
Saber como me encontrar
Sempre que me perder!
Claudia Morett
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