Aus�ncia
Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que s�o doces
Porque nada te poderei dar sen�o a m�goa
de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presen�a � qualquer coisa
como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
e em minha voz a tua voz
N�o te quero ter porque
em meu ser est� tudo terminado.
Quero s� que surjas em mim
como a f� nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldi�oada
Que ficou sobre a minha carne
como uma n�doa do passado.
Eu deixarei ... tu ir�s e encostar�s
a tua face em outra face
Teus dedos enla�ar�o outros dedos
e tu desabrochar�s para a madrugada
Mas tu n�o saber�s que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande �ntimo da noite
Porque eu encostei a minha face
na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enla�aram os dedos
da n�voa suspensos no espa�o
E eu trouxe at� mim a misteriosa ess�ncia
do teu abandono desordenado.
Eu ficarei s�
como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ningu�m
porque poderei partir
E todas as lamenta��es do mar,
do vento, do c�u, das aves, das estrelas
Ser�o a tua voz presente, a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.
Vin�cius de Moraes
→.●๋♫ ک�l✿ڿڰۣ� ♫●.←
__________: : -�✿�-: : __________
.