Quando utilizo a palavra “paixão”, não falo necessariamente desse sentimento referenciado em músicas românticas, dessa atração magnética e inescapável entre dois indivíduos. Quando falo de paixão, falo de vontade de viver. Mais que isso, falo do incêndio que arde no peito e dentro dos olhos de alguém que encontrou algo que lhe confere um prazer tão absurdamente profundo que se torna quase palpável no mundo físico. Falo de arroubo, falo de êxtase, falo da sensação inconfundível e muitas vezes até mesmo embaraçosa de se perceber enquanto um ser que está vivo, tão imensamente vivo que essa vitalidade está a um fio do desconforto. Falo dessa impressão de ser projetado para um plano em que é possível explodir em milhões de pequenas estrelas e sentir ainda mais pertencente ao mundo como resultado. É isto a paixão: Uma alegria tão violenta que é quase cruel, um deleite tão profundo que está no limite de dilacerar a carne, uma lucidez tão clara da tangibilidade e do tamanho de nossa própria alma que torna a existência dentro dos limites de um corpo humano praticamente insuportável. Assim também, quando utilizo o adjetivo “fascinante” nesse contexto, o “fascínio” de que falo é aquela admiração tão aguda e hipnótica, que é quase cobiçosa, porque reconhece com pasmo e magnificência de algo que se passa a querer para si; É um encanto extático a ponto de levar inconscientemente ao desejo. Quando algo nos fascina de verdade, ficamos tão profundamente deslumbrados que passamos a ansiar em agonia pelo objeto de nosso fascínio. Agora sim, posso repetir: A paixão genuína é extraordinariamente fascinante.
— .(Escrito dia 03/03/2024, ás 13:21).