A poesia, como a compreendemos hoje, está intimamente relacionada ao desejo humano de dar forma e significado as experiências subjetivas, internas. Nela, o impulso que motiva a criar é a busca por compreender, sublimar e comunicar a influência do universo que nos envolve sobre nossa alma, sobre aquilo que temos de mais essencial e profundo. A poesia oferece uma lente especial para ver o mundo, uma perspectiva que ultrapassa as barreiras da comunicação pragmática. Assim, a “realidade” da poesia é muito, muito distante da nossa realidade literal e objetiva.
É nesse universo que vive o poeta, a realidade dele é uma realidade percebida, é a sua própria interpretação da realidade, e ela pode ser livremente reinventada, não há limites nem regras para o poeta: Ele tem carta branca para brincar com imagens, símbolos e coisas que representam outras coisas. Se quiser, ele pode fragmentar o mundo e reorganizar seus cacos sob a forma de um belo mosaico, ou espalhá-los de forma desordenada e incompreensível. Ao poeta, é permitido fazer da realidade o que julgar justo. Dessa forma, não parece intrínseca e vital a sua habilidade de enxergar e se nutrir da existência do fantástico, do fabuloso?
É da própria natureza do poeta a sua relação com o inexplicável. Ele observa com curiosidade e aprecia tudo aquilo que é misterioso, mágico.
— .(Escrito dia 30/07/2024, ás 20:05).