No aeroporto, percebemos que despedidas são laços que sufocam, mas, no fundo, libertam os que vão. Não existe nada como um abraço de aeroporto.
No aeroporto, todos somos inocentes e frágeis. Reféns dos céus, aqui não somos donos de nenhuma razão. Não temos a autonomia que desejamos e, como na vida, as pessoas vão embora sem que tenhamos poder de escolha. E talvez nem deveríamos ter. Os voos atrasam, são cancelados, e eles, os deuses dos aeroportos, brincam de nos dizer em voz alta: “A gente que manda aqui, fica quieto e espera.” Crianças — e até adultos — ficam na inocência de admirar os aviões pousarem e decolarem. Pessoas, ansiosas e com um medo desgraçado da solidão, esperam um adeus que não virá. Famílias inteiras, que carregam uma saudade enorme e alguns mimos para quem está por chegar, contam os minutos para dar um simples abraço de boas-vindas.
No aeroporto, vejo um amor que nem sempre consigo enxergar no mundo. É um universo mágico, caso seja visto com lirismo. São os nossos olhos que fazem o mundo; São os nossos olhos que criam pontos de alegria na mesmice da vida.
Ao longo desses anos de viagem, vi tanta coisa. Vi tantos amores partirem — Rindo para não se magoarem, chorando porque não havia outra opção. Vi amores lindos que eu gostaria tanto que fossem os meus. No aeroporto, não há tempo para pequenezas; tudo é grande. Cada palavra tem o peso de dez. Cada beijo vale por mil. Cada adeus é um sorriso que não volta mais.
Não existe sensação mais bonita do que viver cada emoção como se fosse um último e verdadeiro abraço de aeroporto. Viver o presente, de coração, sem receio da quantidade de entrega. Mensurar o quanto devemos nos doar é uma perda de tempo imensa para o curto tempo de voo que temos aqui na Terra. Um abraço de aeroporto é um adeus momentâneo que leva muito de nós, mas nos faz descobrir que a solidão do aeroporto é a solidão da vida. É um eterno desconhecer; Ali somos todos solidão, esperando o destino, o amor, os céus, uma esperança.
— Fred Elboni