Não tenho rede na varanda (ainda não) e o meu coração nem sempre carrega a leveza do que escrevo.
Não me imagine tranquila todos os dias, olhando o horizonte, pois nem sempre estou assim.
Eu tenho medo, às vezes fico desanimada, perco o controle dos sentimentos que carrego, fico sem direção.
Às vezes, me sinto pequena demais diante da imensidão da vida, me escondo do mundo quando tudo me parece estranho e assustador.
Minhas flores (que eu insisto em cultivar) nem sempre desabrocham, ainda que eu as cuide com carinho.
Não há passarinhos no meu muro, nem borboletas voando, nem fruto maduro no pé.
O rio sobre o qual escrevo está distante daqui, num lugar chamado infância.
Não há chuva no meu beiral e minha canção favorita nunca mais tocou.
Sou cheia de defeitos e sigo tentando me perdoar pelas coisas que, por medo ou amor, deixei de fazer, pelos passos que eu não dei e por tudo que deixei pelo caminho.
Quando você pensar em mim, não me imagine cercada de rosas ou vestida de sol, porque aqui tem muitas feridas sendo cicatrizadas e o tempo às vezes é escuro.
Eu só encontrei na escrita uma maneira de não enlouquecer, e se isso te fez bem, já valeu a pena escrever.
-Eunice Ramos
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